Texto que escrevi para a Edição 149 do jornal infantil Diarinho Cultural do Sudoeste do Paraná, de 10 a 23 de novembro de 2013. daipasquim@gmail.com
Você se acha livre? Toda criança brasileira
hoje cresce ouvindo que é preciso ações para tornar o Brasil cada vez mais
limpo, atitudes que prezem pela política correta, representantes honestos e que
grande parte deste poder está nas mãos do povo, que vota a cada dois anos: para
prefeito e vereadores; e para presidente, governador, deputados e senadores.
Faz 124 anos que o regime político praticado
no Brasil é o republicano, desde a Proclamação da República em 15 de novembro
de 1889, o Brasil passou a ser uma República Federativa com o sistema
presidencialista de governo. É uma forma de governo que tem como objetivo
principal atender aos interesses dos cidadãos. Neste regime é o povo que elege
seu governante, portanto é um regime mais democrático. Você deve se lembrar que
Dilma Rousseff é a nossa presidente, primeira mulher, aliás, a ocupar o cargo
no país.
Pesquisa e
senso crítico
Faça um teste e peça aos adultos que você
convive se eles se acham livres? Pergunte se eles acreditam que o Brasil é um
país que lhes oferece todas as possibilidades que gostariam de ter? Os fatos
históricos não negam que o povo sofreu muitas repressões e que a nossa
Constituição Federal promulgada em 1988 assegura essa liberdade, mas não se
espante se alguém lhe responder que acredita que há condições de se sentir
melhor no país. O nome que se dá para essa sensação é senso crítico.
E foi a vontade de querer mudar, alimentada
pelo senso crítico, que marcou boa parte da história de nosso país. Entre 1822
e 1889 era o regime monárquico que vigorava no país Brasil e ao longo desse período tivemos
dois imperadores: D. Pedro I e D. Pedro II.
Por ser um tipo de regime que não leva em
consideração as necessidades do povo, ao longo de todos esses anos o regime
monárquico ficou desgastado e a necessidade de mudanças cada vez mais evidente.
Lutar e
morrer para mudar
Houve várias tentativas de mudança: a
primeira delas ocorreu em 1789, em
Vila Rica, Minas Gerais, onde vivia Tiradentes
e outros revolucionários que tentaram modificar a realidade, principalmente
por não concordarem com os altos impostos cobrados pelo rei. Esse movimento
ficou conhecido com a Inconfidência Mineira
e não acabou nada bem, pois Tiradentes terminou sendo preso e enforcado,
encerrando temporariamente com as manifestações. Depois, em 1824, outro grupo revolucionário, agora
de Pernambuco, tentou ir contra o imperador, constituindo a Confederação do Equador, ação que durou
apenas 4 meses e também resultou na prisão e morte de muitos dos envolvidos.
Ainda em 1836,
lideres do Rio Grande do Sul entraram em guerra contra o Imperador organizando
a Revolução Farroupilha, grupo que
também foi derrotado e a monarquia continua imperando no país.
Com todas essas derrotas e como a
insatisfação estava evidente em todas as classes sociais, houve acontecimentos
determinantes para que a proclamação da república realmente acontecesse: os
fazendeiros ficaram descontentes com a abolição
da escravatura (em 1888) e exigiam que o imperador os indenizasse; e, os
produtores de café do interior paulista eram favoráveis às ações liberais e mão
de obra livre. Cada vez mais isolado, o imperador recebeu o golpe final porque,
aos poucos, os militares também foram se revoltando contra o império.
Assim, a Proclamação da República foi um
evento que contou com a participação de muitas pessoas, entre elas as que
participaram das campanhas abolicionistas, os fazendeiros e o exército. De fato,
quem começou a conspirar para a derrubada da monarquia foi Benjamim Constant.
Porém, quem proclamou a República e pôs fim ao império foi o Marechal Deodoro da Fonseca, figura de
maior prestígio no exército. Convencido por Benjamim Constant, o Marechal
Deodoro concordou com tal ato no dia 11 de novembro. Foi difícil convencê-lo,
pois o Marechal era amigo de Dom Pedro II.
Na manhã de 15 de novembro de 1889, Deodoro,
à frente de um batalhão, marchou para o Ministério da Guerra, e declarou o fim
do período imperial, e o início do período republicano. Dom Pedro II, o
imperador da época, que estava em Petrópolis, retornou ao Rio de Janeiro. Ele
pensava que o objetivo dos revolucionários era apenas substituir o Ministério.
No dia seguinte, foi-lhe entregue um comunicado confirmando a proclamação e
solicitando sua partida para o exterior. Entre 1889 e 1930 o governo foi uma
democracia constitucional e a presidência alternava entre os estados dominantes
da época: São Paulo e Minas Gerais.
Mensagem de
D.Pedro II
Segundo o Guia dos Curiosos, antes de viajar
para Portugal, no dia 17 de novembro, Pedro II escreveu uma mensagem para o
povo brasileiro: "Cedendo ao império das circunstâncias, resolvo partir
com toda a minha família para a Europa amanhã, deixando esta pátria de nós
estremecida, à qual me esforcei por dar constantes testemunhos de entranhado
amor e dedicação durante quase meio século em que desempenhei o cargo de chefe
de Estado. Ausentando-me, eu com todas as pessoas de minha família, conservarei
do Brasil a mais saudosa lembrança, fazendo votos por sua grandeza e
prosperidade."