segunda-feira, 22 de julho de 2013

Crítica literária – “As aventuras de Sherlock Holmes”


Sobre o fisgar do leitor, o narrador da falsa modéstia, a autenticidade desta amizade e os meus contos prediletos
Daiana Pasquim, Pato Branco, 22 de julho de 2013, às 23h47



Três dias fortes de inverno, quando cada qual buscava no guarda-roupa seu casaco mais robusto, passei em frente à lareira do 221B de Baker Street, como uma observadora de uma dupla instigante. Frequentemente recebíamos visitas à sala, que se acomodavam nas poltronas defronte ao fogo e, de quando em quando, saía e revistava a neve, visitava mansões e becos, portos e fazendas, adormecendo muito pouco durante essa viagem no universo das deduções. “As aventuras de Sherlock Holmes” foram publicadas originalmente em 1892, mas a edição que tinha em mãos faz parte da coleção obra-prima de cada autor, da Martin Claret (2011), com tradução de Casemiro Linarth. O deleite em compartilhar com esta obra, diante do uso da ciência e do método dedutivo para revelar os casos faz de nós, leitores, novos seres. Você nunca mais vai ver os fatos da mesma forma após conviver com o detetive criado pelo médico e escritor britânico, Sir Arthur Conan Doyle.
A cada um dos doze contos nesse universo de vasta obra, dr. John Watson vai nos fazendo tomar Sherlock Holmes como um amigo próximo com quem podemos contar. Nas primeiras aventuras descritas o médico aparece casado, apenas visitando sua antiga casa com o amigo detetive. Da metade do livro em diante ele retrocede mais na ordem cronológica e conta histórias que remontam ao tempo em que eram parceiros, contudo como o livro não é um romance, pouca atenção é dada a mulher do médico – a quem temos dificuldade até mesmo de localizar o nome - e o tempo da obra quase por completo temos a sensação da partilha de solteirice tanto de um, quanto de outro. O foco é sempre a solução das incógnitas que chegam até 221B. As mulheres (quase) ficam – para a dupla - em outro plano ou dimensão, mas estão vivas como peças de revelação de incógnitas em cada aventura.

O narrador
Se Sherlock Holmes tudo sabe, quiçá ele próprio devesse contar suas aventuras? Minhas premissas para Watson narrar o livro é a da falsa modéstia. Que graça teria se o próprio Holmes se vangloriasse? Iríamos, no mínimo, o considerar muito arrogante. Ao passo que o médico seu fiel amigo o coloca numa posição de obstinada inteligência, levando-nos a partilhar dessa crescente expectativa e admiração diante de um personagem para os leitores tão vivos quanto qualquer pessoa. Beth Brait em A Personagem começa sua obra justamente pondo em questão a verdade arraigada para os leitores de Sir Doyle como se Holmes tivesse realmente existido, tanto é que teve que dar um jeito, por pedido insistente de sua mãe e dos fãs, de “ressuscitar” o detetive após o embate com seu maior inimigo e a suposta morte na queda na cachoeira.
O foco narrativo, portanto, se tomarmos apenas Sherlock como protagonista, é de narrador-observador; mas temos que dar as glórias ao médico e igualmente protagonista Watson, cujas habilidades literárias são discutidas por Holmes na 12ª aventura do livro (As Faias Cor de Cobre) – o que muito me espantou -, é um exímio narrador-personagem, pois o próprio Sherlock Holmes em não menos que três momentos dessas 280 páginas, faz questão de pronunciar “é um prazer ter a sua companhia nessa aventura”. Estaríamos aí diante de uma falsa modéstia do médico, portanto?

A amizade
Não podemos concordar com isso, já que os laços entre Watson e Holmes são tão sinceros e naturais. A obra é vasta e os personagens (investigadores e vítimas) intrigantes, por isso cada solução buscada por Sherlock Holmes com o amparo de Watson indubitavelmente, nos inebriam. Volúpia do começo ao fim.
Essa amizade é tão autêntica que, mesmo ciente do cuidado que o amigo médico tem em contar os casos e, por consequência, da publicidade dada ao seu nome, Holmes questiona a forma como o doutor vê e descreve os fatos. Vamos a uma dose de metaliteratura:

“Fico contente ao verificar, Watson, que até agora captou muito bem esta verdade. E, nos pequenos relatos de nossas aventuras que teve a bondade de escrever, devo dizer que, embelezando-as em alguns pontos, não deu realce às causes célebres e aos processos sensacionais em que tomei parte, destacando também incidentes triviais em si mesmos, mas que davam oportunidade ao exercício das faculdades de dedução e síntese lógica que transformei em minha especialidade” (pág. 258)

Como leitora, tomei um susto com essa sequência de afirmações que julguei até um pouco “petulantes” do detetive 1, qualificando o trabalho de escrita do amigo como quem “ama a arte pela arte”. Ele completa afirmando “seu erro foi tentar dar cor e vida a cada uma de suas descrições, em vez de se limitar a expor os raciocínios rigorosos de causa e efeito, que são na realidade os únicos verdadeiramente dignos de menção” (idem).
Como questionar a construção das paisagens, dos clientes, dos figurinos, do passar das horas? Se é todo esse cenário que leva-nos a mergulhar em Londres do final do século XIX? Considerei quase uma afronta, uma vez que aprendi a ser fã daquele que chamo de detetive 2. Holmes alivia reconhecendo que:

(...) não se pode acusá-lo de sensacionalismo, pois entre os casos pelos quais teve a bondade de interessar-se há boa proporção que não trata de crime algum, no sentido legal da palavra. O pequeno caso no qual tentei ser útil ao rei da Boêmia, a aventura curiosa de Srta. Mary Sutherland, o problema relativo ao homem do lábio torcido e o incidente do solteirão nobre eram todos assuntos que escapavam ao alcance da lei. Mas, para evitar o sensacional, receio que chegou bem próximo ao trivial. (HOLMES, 259)

Trivial. Assim ele finaliza. Ao considerarmos que temos no Dicionário Houaiss as acepções para “trivial” como: 1. que é do conhecimento de todos; corriqueiro, vulgar; 1.1 que é muito usado, repetido, batido; 2 que não revela maiores qualidades; ordinário; (2009)
Como considerar triviais os relatos de Watson? A resposta para essa classificação está no nível de exigência de Holmes. Sua inteligência supera todo e qualquer relato. Mas por fim, o que sempre senti nessa relação original é o respeito que Holmes dispensa a Watson: “De jeito nenhum, doutor. Fique em seu lugar. Sem o meu Boswell sou um homem perdido” (HOLMES, pág. 26).
Fica nítido, portanto, ao compará-lo com o advogado e escritor escocês, o quanto o detetive 1 queria o tempo todo a presença de Watson como o seu detetive 2, para o desenrolar dos casos. E a relação funciona muito bem porque o médico não demonstra ambição alguma de ser mais que o amigo, sempre venera suas conclusões, mesmo que depois de um leve questionamento incrédulo, dada as inimagináveis soluções.

Os contos
Fica difícil estabelecer predileção, mas começando pelo último deles, logo em seguida dessa conversa literária, eles têm a visita da última mulher dessas aventuras, onde para mim temos uma das mais fantásticas histórias do livro. Trama essa que não poderia deixar de estar numa obra deste gabarito à luz de todo o cabedal de possibilidades de descobertas que (não) sabemos ser possível.
Você é tentado a perceber que a dupla ganhava muito dinheiro investigando, haja vista as infinidades de fantasias de Holmes, os poucos clientes do médico, os criados que lhes abrem a porta aos clientes e servem as refeições, as viagens longínquas sem qualquer preocupação financeira. Também parece que nunca falta dinheiro a solucionar qualquer caso, pode-se gastar de fonte infinita.
Posso, portanto, afirmar que “As Faias Cor de Cobre” é um de meus prediletos; acompanhado de “As cinco sementes de laranja”; “O mistério no Vale Boscombe” e “O polegar do engenheiro”. Sim, sem sombra de dúvidas, são os meus prediletos.
Num segundo momento, farei a crítica literária de cada um deles, já que o fogo desta lareira está se apagando e agora preciso dormir, ante a porta por hora fechada do escritório em Baker Street.





sábado, 20 de julho de 2013

Meus alunos em Produção - Parte 5

2013

Polianna Bianchi, 15
Aluna da prof. Daiana Pasquim no Ensino Médio do Colégio Águia de Francisco Beltrão

Este ano entrará para a história do nosso país. Após muitos anos, o povo brasileiro deixou de criticar quieto e fez seu principal ato de cidadania. Afinal, o que seria um país democrático e sem expressão popular?
Os manifestos começaram em pequenos grupos nas grandes cidades, como Rio de Janeiro e São Paulo. Surgiu para contestar os aumentos nas tarifas de transporte público, que teria sido a gota d’água para a população e isso espalhou-se no país inteiro e até mesmo no exterior. Todos querendo mudança, a cada dia abrangem-se mais temas para a luta.
O povo brasileiro alterou seu status de “deitado eternamente em berço esplêndido” para “verás que um filho teu não foge à luta”, uma expressão muito utilizada em redes sociais e também nos manifestos.
Em resposta a essa luta, o governo brasileiro anunciou várias medidas, o que causou mais revolta e cada dia mais vontade de mudança, pois o Brasil tem condições de virar país de primeiro mundo. Nem tanto pela riqueza e sim por hospitais e escolas decentes. Mas todos nós sabemos que a corrupção é enorme.
Existem pessoas contra a Copa do Mundo. Não sou contra, afinal traria benefício para o país, o turismo aumentaria muito e com isso muita coisa passa a ser valorizada. Porém, o que foi gasto na construção de estádios foi um abuso, inclusive em lugares que após a copa não haverá mais isso. Todos reclamam da corrupção, mas par que isso tudo mude o povo precisa mudar e, acima de tudo, perceber que é o voto que faz o futuro da nação. Não venda seu voto e nem vote no menos pior. Apenas vote pensando no país e, se necessário, anule.

Fonte: Revista Piauí/julho 2013


Nosso Brasil!

Álvaro Junior de Sordi, 15

Aluno da prof Daiana Pasquim no Ensino Médio do Colégio Águia de Francisco Beltrão

No Brasil sempre houve roubos no governo, corrupção, desvio de dinheiro, mas acontece que a população cansou de ser palhaço por pagar altos impostos para sustentar verdadeiros vagabundos.
É uma vergonha um trabalhador que pega no pesado todos os dias ganhar humildes 620 reais, enquanto isso um presidiário ganha 950 reais mensais por ter matado uma pessoa; uma prostituta tem renda fixa de 2.000 reais por mês; e agora criaram aquela bolsa crack. Meu deus, tudo para sustentar esses “craqueados” que são uns sem futuro.
O Brasil vai sediar a copa de 2014. Um país que não consegue nem dar uma saúde ideal para a população, muito menos educação. Milhões e milhões foram gastos em estádios. Por que não investiram em saúde que é muito precária em nosso país ou em educação, que também é um caso constrangedor onde vivemos?
Esses protestos que a população vem fazendo é a coisa mais certa. A única questão que sou contra é a quebra de comércios e estabelecimentos públicos. Temos que correr atrás dos nossos direitos e de um país igual para todos, então vamos continuar atrás disso e conquistar tudo o que devemos e podemos.


sexta-feira, 19 de julho de 2013

Meus alunos em Produção - Parte 4

O que está acontecendo com o Brasil? Hoje temos mais dois textos de meus alunos do 1 Ano do Ensino Médio do Colégio Águia de Francisco Beltrão. 

Independência ou morte
Felipe Zandonai, 15
Aluno da prof Daiana Pasquim no 1o ano do Ensino Médio do Colégio Águia 
Francisco Beltrão - PR

Corrupção, movimentação, organização, globalização, tudo por saúde, tudo por educação e este é o motivo de uma movimentação. #vemprarua assim como todo mundo, lutar por um Brasil melhor, coisa que nunca tivemos, tão grande e tão ingênuo, vivendo uma independência de contas, sem honra, sem consideração.
Temos um motivo ao sair nesta multidão; queremos justiça. E se não a tivermos faremos com as próprias mãos. #OGiganteAcordou, assim como os brasileiros, o Facebook, o Twitter, redes sociais, todas nossas mãos.
Brasileiro sempre foi algo estranho que nunca reivindicou seus direitos, seu sangue, seu suor, nunca com as próprias mãos. Queremos mudar, queremos um Brasil melhor, um Brasil feto de brasileiros que lutam pelo que querem, que reivindicam seus direitos, que tenhamos honra de ser “brasileiros”.
Até hoje achei estranho de os brasileiros sofrerem sem reivindicações, da independência ao senado, sem gritos, sem Brasil, sem população. Os políticos se aproveitaram, sugaram tudo que temos até agora, mas não mais...






Os patriotas

Gabriel Klump, 15

Aluno da prof Daiana Pasquim no 1o ano do Ensino Médio do Colégio Águia
Francisco Beltrão - PR

O brasileiro deixou de ficar em casa reclamando de seu país no facebook e decidiu mostrar seu descontentamento indo às ruas. Agora, as mesmas pessoas que odiavam o país e adorariam sair daqui, são os maiores patriotas que adoram sua nação e se dizem orgulhosos de serem brasileiros, querendo as mudanças propostas pelas manifestações. Não quero apontar isso como algo ruim, na verdade, acredito que as manifestações são um movimento ótimo para despertar um patriotismo que o povo brasileiro nunca teve, e estão usando isso para exigir, com força e vontade a solução para os problemas do país.
O grito popular começou devido ao aumento da tarifa de ônibus em vários lugares do país, mas o movimento tomou uma proporção nacional muito grande e começou a lutar por vários outros problemas, como saúde, educação, segurança, PEC 37, corrupção e outros. A população quer melhorias e está lutando por isso. Já conseguiu a redução das tarifas e a não aprovação da PEC 37, corrupção e outros. Vejo as manifestações como uma maneira muito boa de exercer seu papel de cidadão, mostrar suas vontades e desejos para o país.
O brasileiro deve continuar a manifestar suas vontades, o governo deve ouvir a população e respeitar o poder dela. E o povo deve evitar o vandalismo, pois é um modo de se manifestar, mas prejudicial em meio aos pacíficos. Vamos aumentar nosso patriotismo, lutar pelas melhores condições de todo o sistema brasileiro.


quinta-feira, 18 de julho de 2013

ENTREVISTA - Cá entre Educadores


 Em “A Arte da Entrevista”, organizado por Fábio Altman com desenhos de Cássio Loredano, temos os jornalistas revelando todo o ato de se aproximar de seus entrevistados, os primeiros contatos com aquela “figurona” histórica. Como na página 244, quando Pete Martin narra que “O escritório de Alfred Hitchcock ficava no primeiro andar do Studio Paramount. À medida que eu ia entrando, tudo aquilo voltou. Eu estivera naquele escritório antes, para conversar com Frank Capra ou com Willie Wyler – não consigo recordar com qual dos dois. Foi há muito tempo, e tanto Capra quanto Wyler já saíram da Paramount. Pelo que sei, devem estar voltando. As coisas acontecem desse jeito em Hollywood”. (...)
A conversa entre eles, que vem em seguida, foi publicada no The Saturday Evening Post, em 27 de julho de 1957. Isso foi há 56 anos, eu nem sonhava em nascer. Mas remexendo em meu portfólio de uma década na tarde deste 18 de julho de 2013, resolvi “parodiar” o livro, com um pequeno fragmento de meu trabalho como jornalista.



Minha singela arte de entrevistar

Publicada originalmente em 4 de fevereiro de 2010, a entrevista que fiz com o educador Mario Sergio Cortella me promoveu um mergulho em minha formação. Desde quando a entrevista foi agendada, via telefone, para pessoalmente às 16h do mesmo dia, no Hotel San Pietro em frente a tradicional praça de Pato Branco, mergulhei nas tantas leituras de Paulo Freire que fiz nas duas graduações. Para mim seria uma honra entrevistar um homem que conviveu com esse ícone da educação brasileira por 17 anos. Mais que isso: Cortella havia sido orientado por Freire em seu doutorado.
Cheguei ao San Pietro impulsionada pelas expectativas de falar muito sobre “educação”. O assunto é tão encantador por si só, e eu na ocasião aprendendo os caminhos para ser uma educadora, no meio da licenciatura em Letras Português e Literaturas em Língua Portuguesa da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), reuni toda minha técnica jornalística para receber Cortella na sala de recepção e coletar dele o melhor do assunto.
Barba cerrada, palito azul marinho acompanhando camisa e calça jeans e um sorriso constante e motivador na face. Meu entrevistado tem impostação firme de voz e se demonstrou muito simpático todo o tempo em que eu transbordava meus conhecimentos acadêmicos, costurados com a obrigação de levar o mais interessante texto aos leitores, na edição do próximo dia. Acompanhe...

(Texto original, publicado no Diário do Sudoeste de 4 de fevereiro de 2010)


O perfil do educador do século XXI 

se inspira no passado

Daiana Pasquim
Pato Branco - PR

A docência exige muito mais gerúndio do que infinitivo. Filósofo por formação, é nas formas nominais de verbos da Língua Portuguesa que o professor da PUC-SP e doutor em Educação, Mario Sergio Cortella, que palestra às 20h deste 4 de fevereiro (2010) no Clube Pinheiros, busca conceitos para resumir o que deve ser o perfil do educador do Século XXI. Orientado pelo educador Paulo Freire em seu doutorado, com o qual conviveu por 17 anos, Cortella chegou a Pato Branco no final da tarde de ontem (03/02/10) e atendeu com exclusividade nossa reportagem:

Afinal, qual deve ser o perfil desse educador?
Cortella - Os modos de fazer, de aprender e de ensinar mudaram rapidamente com os tempos e para cumprir com as exigências do mundo da capacidade de aprendizado, o educador do século XXI tem que ter um perfil apoiado na ideia do homem do século oitavo, chamado Beda, um grande britânico que os anglicanos chamam de São Beda. Ele diz: há três caminhos para o fracasso: 1- Não ensinar o que se sabe; 2-Não praticar o que se ensina; 3- Não perguntar o que se ignora. Vamos inverter. Há três caminhos para o sucesso: 1- generosidade mental, isto é, ensinar o que se sabe; 2- Coerência ética, ou seja, praticar o que se ensina; 3- Humildade intelectual, isto é, perguntar o que ignora. O perfil principal de um educador e educadora nesse tempo é ficar atentos a poder praticar o que ensina, ensinar o que sabe e perguntar o que ignora. Num mundo de mudança veloz, em que vários valores foram alterados na relação com a sociedade, a família, a mídia e a gestão pública, não nos cabe mais supor que a gente já esteja qualificado no exercício da docência. Nós somos agora qualificantes, então por incrível que pareça, a docência exige muito mais gerúndio do que infinitivo.

Como fica na prática essa relação, já que o Brasil é um dos países com os piores índices de alfabetização no ranking mundial?
Nós temos um baixo índice de escolarização, mas não necessariamente de educação. Quero dizer com isso que uma parte da nossa população, embora não tenha escolarização, tem um nível de alfabetização digital que ultrapassa o de vários países do mundo, em função até de, por exemplo, sermos o único país que tem uma eleição totalmente informatizada. As pessoas, numa tarde de sexta-feira, vão ao banco retirar aposentadoria no caixa automático e isso não acontece na Alemanha, no Canadá, pessoas de idade não fazem isso. Claro que não é uma posição triunfalista, supor que nós estamos bem. Enquanto somos a oitava nação mais rica do planeta no ponto de vista econômico, somos o de número 66 em educação escolar. A nossa educação no sentido musical, convivência interétnica, inter-racial e nossa capacidade inclusive, de lidar com a complexidade dos relacionamentos é mais extensa do que se supõe, mas nossa escolarização é muito baixa. Isso é absolutamente agressivo em relação a uma nação que tem uma condição econômica privilegiada. Se imaginarmos 192 nações filiadas à ONU, sermos a 8ª economia mais rica é algo estupendo, mas sermos em educação o número 66 é vergonhoso, porque a educação escolar também é um bem e, nesse ponto de vista, temos uma má distribuição dessa escolarização, que está altamente concentrada nos seus níveis mais elevados em algumas parcelas da população. Nós não temos muito tempo para isso, no mínimo se espera que até 2022, até completarmos 200 anos da independência formal, a gente tenha recuperado essa indigência vergonhosa em relação aos nossos índices de escolarização.

Poderia indicar alguns caminhos para conseguir chegar a um maior equilíbrio?
Nos últimos 15 anos tivemos avanços significativos. Temos hoje quase 98% das crianças na idade constitucionalmente obrigatória de 6 a 14 anos matriculadas. Temos nível de jovens muito elevado no Ensino Médio, embora ainda seja restrito para um universo geral. Houve uma explosão de matrículas no Ensino Superior, do ponto de vista quantitativo, mas por outro lado, temos ainda níveis sérios de depreciação da qualidade. (...) Nós iniciamos essa trajetória, mas gosto de dizer que estamos apenas no fim do começo e não no começo do fim (...).

Na prática, quantos anos seriam possíveis para deixar um pouco mais justa essa balança?
Pelo menos uma década precisa ser completada a mais afora esses 15 anos. Nos dois mandatos iniciais do Fernando Henrique Cardoso e no mandato e quase dois terços do presidente Lula houve um avanço incrível na área de educação escolar com todas as condições de melhoria, processo de avaliação, melhoria de financiamento, mas isso ainda não é suficiente. Por mais que o ministro Fernando Haddad faça, de fato, um trabalho positivo e ele é uma pessoa especial nessa área, pois fazia muito tempo que alguém não se dedicava tanto à atenção básica, ainda assim nós precisamos no mínimo de mais uma década com investimento contínuo e a capacidade de formação de professores, de fazer com o que há de compromisso do cidadão em relação ao controle da educação pública municipal e estadual. Afinal vamos fazer 510 anos de fundação e a nossa miséria no campo da escolarização é muito alta. Uma década nos colocará em patamares bem superiores.

Nesse campo político, qual é a sua opinião a respeito do Enem, que primeiro passou por um processo de investimento alto, depois a desacreditação com as provas vazadas e o resultado final foi que 2 milhões de jovens não fizeram a prova, desperdiçando papel e para o meio ambiente. Como o professor avalia esse contexto do Enem, o governo conseguirá reverter essa imagem?
Nós não podemos abandonar a ideia do Enem. Ele é um horizonte a ser construído, fortalecido, melhorado e aperfeiçoado. É uma das maiores noticias da nossa história recente em educação. Há duas coisas que só existem no Brasil: jabuticaba e vestibular. Nesse ponto de vista, aquilo que países deixaram de fazer no começo do século XX, começamos a pensar em deixar no começo do XXI. Portanto, o Enem é sim algo a ser protegido, mas isso não significa que é a única forma de seleção. (...) Quando eu era menino na cidade de Londrina, onde nasci, existia duas etapas na Educação Fundamental, o primário e o ginásio eram separados e entre um e outro tinha o vestibular, chamado exame de admissão. Portanto, milhares e milhares de pessoas fixavam de fora (da 5ª série) porque não passavam no exame do primário para o ginásio. Quando em 1971 houve uma legislação que juntou o primário e o ginásio, houve uma grita geral dizendo que ia cair a qualidade, onde já se viu, não ter mais exame? Pois bem, hoje isso nos parece tão óbvio e a mesma coisa acontecerá com o Enem, se ele for melhorado. Houve descuido do Ministério da Educação para proteger uma ideia muito boa e por pouco não perdeu uma grande conquista a partir de incompetências. (...)

Como doutor em educação, qual é a sua opinião sobre educação a distancia, já que vivemos a era de não haver mais fronteiras e onde também a superabundância da informação é latente?
Não podemos nem ser vitimados pela informatofobia, que é o horror pelo mundo digital e nem ser possuído pela informatolatria, que é a adoração. As duas coisas são perniciosas. Numa certa maneira, a primeira ferramenta de ensino a distancia se chama jornal e livro. Portanto, a tecnologia em si mudou na sua configuração como plataforma, mas a ideia de educação a distancia sempre existiu (...). Hoje há uma alteração desse processo, o que não se pode é substituir a educação presencial exclusivamente pela à distancia, no sentido informatizado da expressão, porque a escola é uma experiência sociocultural insubstituível. A convivência e a possibilidade de troca de ideias aliás, a EAD quando é colocada exclusivamente de meio digital ou virtual anula algumas das conquistas que a escolarização coloca. Não sou contrário de maneira alguma, seria uma tolice descartá-la, mas também não sou alguém possuído pela ideia de que a EAD é redentora, inclusive por ter se tornado um negócio, participa no Brasil em vários momentos do que eu chamo de delinquência mercantil. (...) Muitos fazem dela um filão que bate e facilita a patifaria pedagógica.

Como vê o fato de universidades federais de renome aderirem como uma nova alternativa de ensino?
A primeira universidade do Brasil que fez isso foi a Federal de Santa Catarina. Não foi uma universidade privada que trabalhou essa ideia. A UFSC criou há mais uma década toda uma lógica de plataforma a distancia nesse campo e portanto, ela avançou imensamente. Aliás, a Universidade de São Paulo, a Unicamp e a Unesp, três grandes estaduais paulistas têm hoje universidades virtuais também. Ninguém supõe que substituirá o presencial na totalidade, pois não teria nexo, por outro lado recusar essa percepção é deixar de lado algo que simplesmente derruba as paredes da sala de aula. A transformação de átomos em bits é um sinal de inteligência dos tempos que estamos vivendo. Se a Federal de Santa Catarina nos cacifou na última década é a partir do olhar sobre ela que nós temos que avançar (...)

E para fechar, como foi conviver com Paulo Freire por 17 anos?

Não sou um seguidor do Paulo Freire, porque ele não era um pastor, um sacerdote. Sou sim um aluno dele. Ele me ensinou durante muito tempo, tive a convivência por 17 anos e ela não é suficiente para supor que eu entenda o conjunto da obra do Paulo Freire. O estudo sempre para continuar aprendendo. Conviver com um educador do porte dele é algo especial na minha trajetória e qualquer pessoa gostaria de vivenciar essa situação. Para mim não foi só uma honra, foi um encargo na medida em que Paulo Freire era um homem absolutamente afável, muito bem educado e carinhoso, mas exigente. Ele não admitia em nenhum momento a negligência. (...)

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Dracarys! Finalmente alimentando os ouvidos...

Dracarys! Evitei até agora por causa dos spoilers, mas finalmente posso ouvir o Nerdcast 368, de Guerra dos Tronos, http://jovemnerd.ig.com.br/nerdcast/nerdcast-368-a-previsivel-guerra-dos-tronos-dracarys/


Se vc já leu George R.R. Martin ou assistiu à série HBO, recomendo! 
#diversãocomlucaspiaceski
Wow, adorei esse nerdcast. Meus personagens preferidos são, nesta ordem:
Khalessi, dragões, etc
Arya (corajosa, a superação em pessoa)
Jaime Lannister e Brienne (pelo crescimento e mutação do personagem)
O anão Tyrion (por ser tão estrategista - parte 1)
Bran e a selvagem Osha (que na verdade é a mãe que ele deveria ter)
Jon Snow e Sam (o gordinho que sabe tudo porque lê)
Twin Lannister (por ser tão estrategista - parte 2)

Demais essa análise do final da terceira temporada no site
http://www.gameofthronesbr.com/2013/06/analise-do-episodio-3-09-the-rains-of-castamere-com-spoilers.html

CRÔNICA - Doença no pomar verde amarelo, de Gabriela Fontana

Basta se permitir "correr o risco". Hoje tive a satisfação de ver publicado no @DiariodoSudoeste a crônica de minha aluna do 1º ano do Ensino Médio do Colégio Águia de Francisco Beltrão, Gabriela Fontana. Dotada de criatividade e senso crítico, escreveu essa crônica impactante, que já havia lido em sala de aula.
Como jornalista e professora tenho coletado inúmeros textos e, sempre que o aluno autoriza, publicado ou enviado a jornais. É uma satisfação para educador e educando. Assim, crescemos juntos!



CRÔNICA
Doença no pomar verde amarelo

Cresci ouvindo meus familiares dizendo que no Brasil nada é como deveria ser. Que a frase “no futuro” nunca chegava. Inclusive, que a palavra político deveria ter, no dicionário, o seguinte significado: (subst) 1. Mentiroso; 2. Corrupto; 3.palhaço bozó. Num conto de fada ficaria mais ou menos assim: o político correto, com muita bravura, recupera os sentimentos ruins do mundo e fecha novamente na caixa de Pandora.
Os brasileiros têm o papel das plantas nesse teatro, ou seja, não falar nada, ficar mudo, só nascer, crescer, dar frutos, murchar até morrer. Era mais ou menos assim que acontecia. Nesse imenso pomar tem as árvores que dão frutos que por ventura são colhidos e plantados novamente dariam mais árvores  para o pomar.
Um dia todas as árvores estavam seguindo sua rotina até que de repente uma praga revolucionária se espalha por todas elas, infecciona cruelmente cada galho, cada folha verdinha dessas árvores. A peste estraga os negócios, danifica os frutos, fazem as árvores pensarem. Rapidamente, o fazendeiro tenta conter essa praga, joga bombas de efeito moral, balas de borrachas, inseticidas à cavalo, mas nada adianta. A peste continua a se alastrar.
Tentando acalmar a peste e utilizando-a de maneira para explicar o apodrecimento. O “fazendeiro” uma análise da situação e por meio de um discurso coloca em tópico os fatores que contribuíram diretamente para a doença: a pouca venda, a demora nos serviços, falta de profissionais, entre inúmeras outras desculpas, mas como era previsto não adiantou. Já contaminada pela terrível praga, as árvores mais jovens começam a se desprender do solo ganhando um renomado suplemento de cidadania e vão para as ruas, pois essa é a luta dos frutos das árvores da raça cara-pintada. Essa é a espécie nativa geração coca-cola.
“A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho normal!” (Albert Einstein)

Gabriela Fontana, 15
Aluna do  ano do Ensino Médio do Colégio Águia de Francisco Beltrão

ARTIGO DE OPINIÃO - Meus alunos em Produção III


Noto que os alunos do Ensino Médio, já no primeiro ano (tenho  90 alunos em três turmas), são providos de um forte senso crítico. Eles estão na fase de fazer mais e mais. Sou grande incentivadora para que construam-se perante a sociedade. Escrever suas ideias e publicá-las, como num artigo de opinião, é uma das mais sérias formas de ganhar reconhecimento social e familiar. Hoje publico os textos de Guilherme Antônio Gallina, Wellington Felipe Hack e Ana Yzadora Iurckevicz Dias

Dormiu de novo?

Guilherme Antonio Gallina, 15
Aluno da prof. Daiana Pasquim no 1 ano do Ensino Médio do Colégio Águia
de Pato Branco – PR. Morador de Saudade do Iguaçu


O mundo inteiro acompanhou nas últimas semanas todas as manifestações que aconteceram no Brasil. A “bomba estourou” quando o prefeito da cidade de São Paulo anunciou o aumento na tarifa da passagem do transporte público, que por acaso não faz jus ao nome. Após esta manifestação, parece que todos os brasileiros acordaram e foram para as ruas, manifestaram, exigiram e por fim conseguiram a revogação do aumento, porém as causas de protestos eram múltiplas.         
As redes sociais estavam infestadas de manifestantes indignados com o governo e isso foi uma ajuda crucial para os manifestos tomarem dimensões gigantescas. Enfim o povo tinha se livrado das amarras do governo e da mídia e o “pão e circo” pareciam ter acabado, isso mesmo, PARECIA. Nesta última semana estavam acontecendo os jogos decisivos da Copa das Confederações, a qual o Brasil estava participando. O pronunciamento feito por Ronaldo parece ter surtido efeito. A maior parte das pessoas que protestaram e estavam indignados pararam para acompanhar os jogos da seleção nacional. Vários posts no Facebook estavam ligados à conquista da copa em cima da tão temida seleção espanhola. Para onde foram todas aquelas pessoas indignadas? O espírito da alienação está de volta?
Pois é, todas as pessoas que pretendiam mudar o país deixaram de lado o espírito revolucionário para acompanhar jogos de futebol. Milhares de pessoas voltando a fazer parte da massa que é facilmente conquistada com “pão e circo". E então só resta fazer uma pergunta ao povo brasileiro: de que adianta se revoltar com as atitudes do governo se depois de alguns dias os mesmos revoltados “aplaudem” as atitudes dos governantes?


Fonte: Piauí. http://revistapiaui.estadao.com.br/edicao-82/cartuns/voz-rouca-das-ruas?utm_source=revistapiaui&utm_campaign=share&utm_medium=facebook&utm_content=http%3A%2F%2Frevistapiaui.estadao.com.br%2Fedicao-82%2Fcartuns%2Fvoz-rouca-das-ruas


Liberdade! Liberdade! Abra a asas sobre nós, 
e que a voz da igualdade seja sempre 
a nossa voz!

Wellington Felipe Hack, 14
Aluno da prof. Daiana Pasquim no 1 ano do Ensino Médio do Colégio Águia 
de Francisco Beltrão. Morador de Renascença – PR

O que são 20 centavos? Para algumas pessoas pode valer muito, para outras não têm valor algum. Mas esses 20 centavos podem iniciar uma revolução, ou melhor, podem acordar um gigante.

“Deitado eternamente em berço esplendido”, uma frase do Hino Nacional que retratava o Brasil até o dia 6 de junho de 2013. Nesse dia que entrou para a história, os brasileiros não se calaram diante de tantas injustiças e erros que dominavam o país. Nesse dia ninguém sabe o que aconteceu nem de onde veio esse grito, só sabemos de uma coisa, o povo mostrou seu poder e despertou o gigante que muitos achavam que iria dormir eternamente.
Começou como um dia normal até que foi anunciado o aumento da tarifa do transporte coletivo em São Paulo, em 20 centavos. Nesse momento ouviu-se o “Brado Retumbante” do povo brasileiro. O grito de ódio, a raiva, a vontade do povo veio à tona. Nada mais segurou o Brasil. Milhares de pessoas em São Paulo deram coragem ao povo para ir às ruas, desde as grandes metrópoles até as cidades do interior do Brasil e do Mundo. Jovens, velhos, pobres ou ricos, todos gritavam a mesma coisa: ‘‘Queremos um Brasil novo!’’.
Durante muito tempo o povo ficou calado diante de tantas injustiças. A nossa educação: a pior do mundo. A saúde pública defasada. O transporte público em péssimo estado. Mensaleiros soltos. Políticos roubando a ‘torto e direito’. Esse e outros motivos foram se acumulando. Veio a Copa de 2014, o dinheiro de nossos impostos ao invés de ir para serviços públicos, foram para os estádios. Obras superfaturadas, desvios de verbas. O povo não aguentava mais. Nossa carga tributária sendo a maior do mundo e nada funcionava no país. Veio as PECs da impunidade. A paciência da população estava se esgotando. O povo começou a acordar. Mas faltava coragem, organização. Até que um dia alguém tomou frente e o povo foi às ruas.
Ninguém estava preparado para isso. Nem o povo, o governo, a mídia. Os movimentos causaram choque no mundo. A imprensa internacional estampava o Brasil nas capas. Os movimentos tomaram conta do país e do mundo. Algo que ninguém jamais tinha visto. O povo que aceitava tudo calado, tinha se revoltado.
O Brasil tinha trocado sua frase de “Deitado eternamente em berço esplendido” para “Verás que filho teu não foge à luta”.
Esses movimentos apesar do vandalismo, foram o maior salto dado pela população brasileira. Pela primeira vez os nossos políticos temeram o povo. A tensão estava presente em qualquer lugar. Ninguém sabia o que estava ocorrendo, mas todos tinham certeza: o povo tinha acordado; e ele estava furioso.
Desse dia em diante o gigante começou a andar, apesar de ser em passos lentos, ele deu o primeiro, do que se espera que sejam muitos.
Nesse dia ficou provado que 20 centavos têm mais valor do que se imagina. Mas não foi só isso que levou o povo às ruas. Tudo o que ficou durante muito tempo guardado no povo, se soltou. Desde o aumento das passagens do transporte coletivo, a PEC 37 e 33, a saída de Renan Calheiros do Senado. São muitos os motivos pelos quais as ruas foram tomadas e resultados foram vistos.
As tarifas dos transportes já foram baixadas, a PEC 37 foi rejeitada, foi apresentada uma proposta para reforma política. O Senado e o Congresso começaram a trabalhar para o povo. Isso mostra que o povo tem poder. Mostra que não devemos servir aos políticos e sim eles a nós, pois eles são funcionários públicos, como professores, zeladores, médicos e cozinheiros.
Mas tem muita coisa ainda para o povo lutar. Isso foi só o começo, o primeiro passo foi dado e devemos continuar andando. Um país não se muda de um dia para outro, mas com tempo tudo se ajeita. Que não desistamos, pois somos brasileiros, e como todos dizem, não desistimos nunca!
Quem diria que um dia um povo que sempre aceitou tudo, que sempre se calou diante dos erros, um povo que só pensava em futebol, iria acordar. Que esse povo ia fazer uma revolução e chamaria a atenção do mundo inteiro. Que esse povo ia lutar pelos seus ideais. É como diz o nosso Hino da Independência: “Vosso peito e vossos braços são as muralhas do Brasil”. E vamos continuar lutando, nem que seja com “as muralhas do Brasil”.


Caminhar, lutar, seguir a canção
Ana Yzadora Iurckevicz Dias
anayzadora@hotmail.com
Aluna da prof. Daiana Pasquim na 1ª série B do Colégio Águia
Pato Branco -PR

O povo brasileiro saiu às ruas manifestar, e não, não foi apenas pelos 20 centavos no aumento das passagens de ônibus, esse foi o estopim, mas antes destes haviam outros problemas.
   Corrupção, “Copa”, falta de boa infraestrutura são pontos altos e questionáveis em  todo esse movimento. Não podemos generalizar falando que todos os representantes políticos são corruptos ou então que a copa não vai contribuir em absolutamente nada, para o Brasil.
   Os 20 centavos deram um basta e fizeram com que o povo brasileiro saísse mesmo às ruas e colocasse para fora tudo o que queriam falar, como por exemplo, a falta da educação e saúde de qualidade.
   A quem diga (Ronaldo Fenômeno) que o hospital não faz copa, e não faz mesmo. Mas será que o Brasil estava pronto para receber - lá sim o grande torneio futebolístico mundial,  porque ela vem e volta os olhares do mundo para o Brasil , nosso Brasil então país sede. Mas não é a copa que vai tirar pessoas das ruas, deve de alguma forma haver o balanço entre ambos prós e contras, analisar, protestar.
   É o gigante acordou. O Brasil resolveu falar de sua insatisfação com algumas coisas que precisam mudar. Não houve corrupção?! Será? O dinheiro do imposto, aumentos espantosos no supermercado e os superfaturamento na construção dos estádios da Copa houve, “né”?
   Manifestar, e ser punido por policiais - que sim devem estar junto aos movimentos -, mas não punir de forma violenta a toda a população, já que eles também são cidadãos brasileiros . Já quem vai para a manifestação com o intuito de vandalizar ou roubar esse sim deve ser punido porque esse não o que o melhor para o grande verde e amarelo, esse que pratica a violência que gera a violência , e quem sim vai para protestar quanto á atos concretos acaba sofrendo com os atos dos outros.
 Caminhar, lutar seguir a canção, Brasil mostra a sua cara, pra não dizer que não falou das flores, manifeste, proteste, não vandalize, vem pra rua !




terça-feira, 16 de julho de 2013

ARTIGOS DE OPINIÃO - Meus alunos em Produção II


Uma de minhas principais defesas em sala de aula é que os alunos não podem produzir “apenas para a professora ler”. O texto deve ser socializado sempre!! Temos excelentes produções e devemos externar ao mundo essas jovens ideias.


O despertador tocou
Isadora Debona Oliveira, 14
Aluna da prof. Daiana Pasquim, no 9º ano do Colégio Águia de Francisco Beltrão

Dois grandes marcos na história do Brasil são o Regime Militar e as revoltas que estão acontecendo ultimamente, mais conhecidas como #OGiganteAcordou.
O Regime Militar foi um período de tempo em que todos os presidentes brasileiros eram integrantes do Exército Militar. Alguns fatores são levados em consideração por alguns autores atuais que afirmam que a população está se esquecendo do sofrimento vivido pelos exilados ou os torturados da época que buscavam uma meta de melhorar o Brasil.
Acabando com essa ideia, jovens estão indo às ruas protestando contra problemas atuais, principalmente a corrupção. O grande estopim foi o aumento da passagem no transporte público no ABC Paulista, São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ), o que já foi revogado.
O Brasil conquistou diversas coisas com o passar do tempo. A principal mudança foi a democracia conquistada, e que temos nos dias de hoje, mas não havia durante o militarismo.
Com isso, é notável que sempre haverá a busca para melhorar a situação política em qualquer lugar.

Como jornalista e professora avalio que:
Isadora organizou os argumentos de forma direta e clara. Seu título propôs uma releitura criativa diante da forma como todos têm tratado o assunto.
 (Entregue como avaliação em 5 de julho de 2013 e publicado com consentimento da aluna)


A luta justa
Amanda Pitt, 13
Aluna da prof. Daiana Pasquim, no 9º ano do Colégio Águia de Francisco Beltrão


Pode ser que eu esteja errada, porem hoje, mais do que nunca, a corrupção e a insatisfação populacional vem crescendo desenfreadamente. Se há alguns anos a corrupção era enredo de novela, hoje já está virando clichê.
Diversas manifestações ocorreram em todo o Brasil. Como começou, não importa mais, pois finalmente o gigante acordou, o povo resolveu lutar pelos seus direitos e tentar salvar a pátria na qual nascemos.
Tenho certeza de que muitos terão uma opinião contrária e se aproveitarão da situação para “vandalizar”, mas se já nos foi possível tirar o presidente, podemos vencer essa luta de forma passiva e coerente.
Espero que estas pessoas pacíficas tragam junto com sua luta justiça e melhorias em todos os setores, pois se nós não lutarmos por nós mesmos, quem lutará? #vemprarua  

Como jornalista e professora avalio que:
Amanda tem muita facilidade para fazer textos e, apesar de curto, fez excelentes afirmações, com linguagem culta, uso de pronomes e boa pontuação.
 (Entregue como avaliação em 5 de julho de 2013 e publicado com consentimento da aluna)



“A Revolta do Vinagre”: #OGiganteAcordou
João Paulo Gonzatto, 13
Aluno da prof. Daiana Pasquim, no 9º ano do Colégio Águia de Francisco Beltrão

Tudo começa em 6 de junho, quando o Movimento Passe Livre, que luta contra a tarifa do transporte público em São Paulo, resolveu sair às ruas para protestar contra o aumento das passagens de ônibus, trem e metrô. A violência policial contra os manifestantes revoltou os brasileiros. No segundo dia também houve confronto, porém em proporção menor, onde a polícia usou bombas de efeito moral para dispersar os manifestantes que bloqueavam as faixas da marginal Pinheiros, participando 5 mil pessoas na manifestação.
A partir disso, o movimento se espalhou pelo Brasil lutando por causas diversas como:  corrupção, gastos com a Copa, mau uso do dinheiro público na saúde, educação, contra a PEC 37, entre outros.
No dia 17 de junho cerca de 100 mil pessoas foram às ruas no Rio de Janeiro. Em Bauru – SP, cerca de 1.200 pessoas impediram os vereadores de sair da Câmara Municipal. O dia também teve manifestos no Sudoeste, como em Francisco Beltrão e em Pato Branco. Em Brasília, os manifestantes ocuparam a Esplanada dos Ministérios. As primeiras mortes ocorreram em 20 de junho em Ribeirão Preto, onde morreu atropelado o estudante Marcos Delefante e, em Belém, a gari Cleonice Vieira, de parada cardíaca.
Houve também manifestos fora do país, como em Portugal, França, Alemanha, Irlanda, Canadá e Turquia, onde apoiaram os manifestantes brasileiros. As revoltas ficaram conhecidas como “A Revolta do Vinagre”, pois os manifestantes levaram o líquido às ruas para proteção do gás lacrimogêneo e sprays de pimenta que eram lançados pelos policiais.
A presidente Dilma apresentou cinco pactos nacionais diante das manifestações:
- Melhoria no transporte público;
- Reforma política e combate à corrupção;
- Investimento em saúde;
- Melhoria na educação;
- Responsabilidade fiscal.
A primeira resposta das manifestações foi a revogação das tarifas nos transportes em várias cidades do país, também o fim da PEC 37 e a proibição do voto secreto em votações para caçar o mandato de legisladores acusados de irregularidades.

Como jornalista e professora avalio que:
João Paulo caprichou na pesquisa e retrospectiva dos fatos, elencando os diversos acontecimentos. Comparado aos dos colegas seu texto ficou extenso, mas completo.
 (Entregue como avaliação em 5 de julho de 2013 e publicado com consentimento do aluno)