sexta-feira, 15 de novembro de 2013

República: datas, mortes e investidas de liberdade

Texto que escrevi para a Edição 149 do jornal infantil Diarinho Cultural do Sudoeste do Paraná, de 10 a 23 de novembro de 2013. daipasquim@gmail.com 


Você se acha livre? Toda criança brasileira hoje cresce ouvindo que é preciso ações para tornar o Brasil cada vez mais limpo, atitudes que prezem pela política correta, representantes honestos e que grande parte deste poder está nas mãos do povo, que vota a cada dois anos: para prefeito e vereadores; e para presidente, governador, deputados e senadores.
Faz 124 anos que o regime político praticado no Brasil é o republicano, desde a Proclamação da República em 15 de novembro de 1889, o Brasil passou a ser uma República Federativa com o sistema presidencialista de governo. É uma forma de governo que tem como objetivo principal atender aos interesses dos cidadãos. Neste regime é o povo que elege seu governante, portanto é um regime mais democrático. Você deve se lembrar que Dilma Rousseff é a nossa presidente, primeira mulher, aliás, a ocupar o cargo no país.

Pesquisa e senso crítico
Faça um teste e peça aos adultos que você convive se eles se acham livres? Pergunte se eles acreditam que o Brasil é um país que lhes oferece todas as possibilidades que gostariam de ter? Os fatos históricos não negam que o povo sofreu muitas repressões e que a nossa Constituição Federal promulgada em 1988 assegura essa liberdade, mas não se espante se alguém lhe responder que acredita que há condições de se sentir melhor no país. O nome que se dá para essa sensação é senso crítico.
E foi a vontade de querer mudar, alimentada pelo senso crítico, que marcou boa parte da história de nosso país. Entre 1822 e 1889 era o regime monárquico que vigorava no  país Brasil e ao longo desse período tivemos dois imperadores: D. Pedro I e D. Pedro II.
Por ser um tipo de regime que não leva em consideração as necessidades do povo, ao longo de todos esses anos o regime monárquico ficou desgastado e a necessidade de mudanças cada vez mais evidente.

Lutar e morrer para mudar
Houve várias tentativas de mudança: a primeira delas ocorreu em 1789, em Vila Rica, Minas Gerais, onde vivia Tiradentes e outros revolucionários que tentaram modificar a realidade, principalmente por não concordarem com os altos impostos cobrados pelo rei. Esse movimento ficou conhecido com a Inconfidência Mineira e não acabou nada bem, pois Tiradentes terminou sendo preso e enforcado, encerrando temporariamente com as manifestações. Depois, em 1824, outro grupo revolucionário, agora de Pernambuco, tentou ir contra o imperador, constituindo a Confederação do Equador, ação que durou apenas 4 meses e também resultou na prisão e morte de muitos dos envolvidos.
Ainda em 1836, lideres do Rio Grande do Sul entraram em guerra contra o Imperador organizando a Revolução Farroupilha, grupo que também foi derrotado e a monarquia continua imperando no país.
Com todas essas derrotas e como a insatisfação estava evidente em todas as classes sociais, houve acontecimentos determinantes para que a proclamação da república realmente acontecesse: os fazendeiros ficaram descontentes com a abolição da escravatura (em 1888) e exigiam que o imperador os indenizasse; e, os produtores de café do interior paulista eram favoráveis às ações liberais e mão de obra livre. Cada vez mais isolado, o imperador recebeu o golpe final porque, aos poucos, os militares também foram se revoltando contra o império.
Assim, a Proclamação da República foi um evento que contou com a participação de muitas pessoas, entre elas as que participaram das campanhas abolicionistas, os fazendeiros e o exército. De fato, quem começou a conspirar para a derrubada da monarquia foi Benjamim Constant. Porém, quem proclamou a República e pôs fim ao império foi o Marechal Deodoro da Fonseca, figura de maior prestígio no exército. Convencido por Benjamim Constant, o Marechal Deodoro concordou com tal ato no dia 11 de novembro. Foi difícil convencê-lo, pois o Marechal era amigo de Dom Pedro II.
Na manhã de 15 de novembro de 1889, Deodoro, à frente de um batalhão, marchou para o Ministério da Guerra, e declarou o fim do período imperial, e o início do período republicano. Dom Pedro II, o imperador da época, que estava em Petrópolis, retornou ao Rio de Janeiro. Ele pensava que o objetivo dos revolucionários era apenas substituir o Ministério. No dia seguinte, foi-lhe entregue um comunicado confirmando a proclamação e solicitando sua partida para o exterior. Entre 1889 e 1930 o governo foi uma democracia constitucional e a presidência alternava entre os estados dominantes da época: São Paulo e Minas Gerais.

Mensagem de D.Pedro II

Segundo o Guia dos Curiosos, antes de viajar para Portugal, no dia 17 de novembro, Pedro II escreveu uma mensagem para o povo brasileiro: "Cedendo ao império das circunstâncias, resolvo partir com toda a minha família para a Europa amanhã, deixando esta pátria de nós estremecida, à qual me esforcei por dar constantes testemunhos de entranhado amor e dedicação durante quase meio século em que desempenhei o cargo de chefe de Estado. Ausentando-me, eu com todas as pessoas de minha família, conservarei do Brasil a mais saudosa lembrança, fazendo votos por sua grandeza e prosperidade." 

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