domingo, 30 de junho de 2013

RESENHA: "Dicionário Machista", presente de minha prof. dra Salma Ferraz



Daiana Pasquim, professora e jornalista
daipasquim@hotmail.com 
Guarda-chuva aberto para se proteger dos dardos de tinta e língua lançados à classe feminina ao longo da história. Essa é a ilustração. Recebi hoje (30/06) pelo correio, como uma das 20 postagens em primeira mão, a obra “salmadiana”: “Dicionário Machista – Três mil anos de frases cretinas contra as mulheres”, da doutora em Literatura Portuguesa pela Unesp e professora associada de Literatura Portuguesa da minha universidade, a Federal de Santa Catarina (UFSC), Salma Ferraz. Há dias minha ex-professora telefonou de Florianópolis-SC para Pato Branco – PR confirmando meu endereço e prenunciando que eu receberia a obra, publicada pelo Jardim dos Livros, o que lhe confere distribuição e venda em todo o território nacional.
Dicionário Machista promove uma viagem na história e nas ideias, onde o passaporte é a curiosidade e, a bagagem é a erudição, que se vai colhendo a cada “verbete” lido. De A a Z, Salma mostra seu processamento de colheita de tantos estudos – ela é crítica, ensaísta e contista, autora de mais de 20 livros de crítica literária e ficção, e de inúmeros artigos publicados. Assim, Dicionário Machista consiste num compilado de conceitos e frases de efeito, que de modo geral se tornaram populares ou que a escritora traz à tona para provocar seu leitor: algumas das piores frases preconceituosas saíram de bocas com batons!
Compartilhei com este dicionário na tarde deste domingo. E agora destaco aqui algumas das frases que mais me chamaram atenção:
“Maridos são bons amantes quando estão traindo as esposas” Marilyn Monroe
 “Duas mulheres raramente se tornam íntimas, exceto às custas de uma terceira pessoa” Jonathan Swift
“O amor é a história da vida de uma mulher, e um mero episodio da vida de um homem” Madame de Stael
“As amantes nunca pensam que vão ser abandonadas. E, no entanto, para isto foram feitas” Mário da Silva Brito
 “A mulher sem filhos é uma mulher morta” Talmude
“Professora não é mal paga, é mal casada” Paulo Maluf

São inúmeras que mexem com o âmago e os valores dos leitores, provocando reflexão sobre a sociedade patriarcal na qual nos consolidamos. 
Você deve reconhecer os seus verbetes e fazer sua própria análise existencial com(o) mulher!
Para ver a divulgação de Dicionário Machista e conhecer mais sobre a autora e suas obras acesse: http://www.salmaferraz.com.br/

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Cyntia Fontanella: "O paranaense tem muita capacidade, queremos mostrar que podemos fazer muita coisa" - Entrevista Perfil




Revelamos a meteórica trajetória profissional da sudoestina que criou e dá nome à marca de vestidos de festa que despontou no Paraná Business Collection e está ganhando o Brasil com inspiração no exterior

Daiana Pasquim, jornalista e professora

Esculturalmente linda. Toda mulher fica assim vestindo um Cyntia Fontanella. Isso porque a “estrutura” é o que mais caracteriza suas peças, sustentada pelo aramado já patenteado por Cyntia, que fica acoplado ao corpo da mulher, dando conforto e moldura para a silhueta. Essa paranaense nascida em São Jorge do Oeste, que viveu grande parte de sua vida em Dois Vizinhos – onde hoje tem o Atelier Vestiti-, lançou no mundo da moda a ideia de um vestido totalmente diferente do que se encontra no mercado. Bordados, pérolas, brilho, tule, leveza, estruturação. É o clássico com ousadia. Para uma mulher real, independente, feminina.
Nascida em São Jorge do Oeste em 20 de setembro de 1980, no mesmo dia de seu fiel parceiro de trabalho, o estilista Fabis Fellizardo, construiu ao lado do marido Péricles Fontanella, uma marca forte e desejada pela classe feminina. Quem sabe o fato de ter nascido de alguém chamada Diva Bonatto, professora de artes na Apae, tenha prenunciado, pois desde pequena Cyntia foi muito fashionista, inspirada pela mãe.
Empresária, estilista, formada em Economia (2003) e em Direito em 2008 pela União de Ensino do Sudoeste do Paraná (Unisep) e pós-graduada em Direito Público pela União Dinâmica das Faculdades Cataratas (UDC) em 2010, atualmente Cyntia faz o MBA em Design de Moda, na Universidade Paranaense de Maringá e ainda está ajustando uma especialização em 28 de julho, de um curso integral no Istituto Marangonim The Fashion School, de Milão, na Itália, em parceira com o Sebrae.
Atua no ramo da alta costura da grife que leva seu nome, numa ideia que surgiu no começo de 2010 e hoje existem peças de catálogo, que pode ser desfrutado em http://www.cyntiafontanella.com.br e peças exclusivas que podem ser pedidas no atelier. Atuou como advogada no Sudoeste até oito meses atrás, quando passou a se dedicar exclusivamente para a moda. Depois de ter oficialmente estreado no último Paraná Business Collection num desfile que, nas palavras da pato-branquense blogueira de moda Josiana Rizzardi “começou com pouca iluminação e algumas modelos já na passarela, ao som de uma máquina de escrever que teclava os versos de Helena Kolody, escritos em 1997. Tudo foi perfeitamente encaixado. A música começou lenta e, ao final da última palavra, tornou-se algo grande e ribombante que arrepiou os presentes”. A grife está convidada para desfilar no Fashion Rio e estará no editorial da Revista Mag, a mais conceitual de moda do país. Confira a entrevista que fizemos por telefone com Cyntia Fontanella nesta semana, antes de ela viajar para São Paulo para a Feira Premiere Vision:

O seu nome em si já é uma marca. Como você se tornou a Cyntia Fontanella?
Meu nome todo é Cyntia Samira Bonatto Eugênio Fontanella, herdado no casamento com Péricles, em 2005. Tivemos o Murilo, de 5 anos. Nasci em São Jorge do Oeste, mas sou de Dois Vizinhos. Meu pai é português. Logo que eu nasci o único irmão dele que estava no Brasil morava no Acre, e assim morei lá por 14 anos. Depois voltei pra Dois Vizinhos, conheci o Péricles e fomos morar em Quedas do Iguaçu. Voltei para Dois Vizinhos há um ano. A primeira ideia era o atelier. Na verdade, para mim era um investimento a parte, além da advocacia num primeiro momento. Era uma coisa mais local, íamos atender a região, não havíamos imaginado algo assim. Mas loguinho que a gente montou me apaixonei. Sempre gostei de moda, minha mãe desde muito pequena sempre foi muito fashionista e eu sempre pirei com historia de moda. Logo no começo já me identifiquei demais. E com nem um mês de atelier começou a surgir um monte de coisa bacana e veio a ideia de fazer uma marca que vendesse no Brasil inteiro e exterior. Sou muito determinada nessa questão e comecei a correr atrás de como fazer isso do dia pra noite. Com seis meses de atelier, a gente criou a marca e as coisas foram acontecendo de uma forma tão intensa que não dava mais certo conciliar a advocacia com a moda. Faz 8 meses que fechei deixei meus dois escritórios de advocacia, em Quedas do Iguaçu e Dois Vizinhos, para me dedicar totalmente à marca e ao Atelier Vestiti, aqui na Centro de Dois Vizinhos, na Travessa Marechal Floriano Peixoto, 65.

Como surgiu a ideia de fazer uma grife de vestidos de festas em Dois vizinhos?
Fabis e eu somos amigos de longa data. Sempre fui muito apaixonada pelas coisas que ele desenvolvia. Acreditava muito no potencial dele, mesmo sem formação especifica ou técnica, mas muita prática. Sempre nos demos muito bem e, um dia, eu tinha ido até a residência dele, que não tinha mais atelier e fazia coisas personalizadas em casa. Eu precisava fazer uniformes para as secretaria do escritório e fui lá pra gente criar alguma coisa. Foi quando ele comentou que estava pensando em fazer algo novo, reabrir um atelier. Falei: que tal tentarmos fazer alguma coisa juntos? Ele adorou a ideia porque a gente se dava super bem e foi incrível. Acredito nisso e temos uma coisa muito peculiar: eu o Fabis fazemos aniversário no mesmo dia, em 20 de setembro. Temos curiosidades e muita identidade legal, fora que a gente se dá muito bem, é bom nem falar tanto. Tudo que eu faço de pesquisa e de informação, ele consegue assimilar muito e colocamos em prática muito rapidamente. Por isso tem dado tão certo.

Se faz apenas um ano e meio que vocês criaram a grife e já têm quatro coleções, mas alguns vestidos levam até 40 dias para serem feitos, você trabalha muito intensamente, certo?
Esse quase um mês de produção é dessa última coleção, que vem com uma característica bem diferente das demais, um DNA mais sofisticado, muito trabalho hand mager, que é o manual com bordado, ela requer um pouco mais de tempo na construção das peças. Já fomos duas vezes para o Fashion Rio. No primeiro ano para o Rio, e nesse íamos para o Minas Fashion, mas na assessoria do Sebrae identificaram ainda o Fashion Rio como a melhor porta. E sem sombra de dúvidas isso se concretizou. Estamos distribuindo em quase todo o país, nos Estados principais.

E quanto a levar a marca para o exterior?
Criamos projetos. Quando fizemos a marca não tínhamos uma visualização tão grande sobre como o negócio ia se portar e a rapidez com que ia acontecer. Foi aí que o Péricles entrou na empresa e faz todo o financeiro e comercial. Fomos amadurecendo as ideias de colocação da marca, reavaliando algumas estratégias que a gente vinha tendo e de repente não eram as mais acertadas no momento oportuno. E essa decisão de exportação transferimos para o final de 2013. É o momento que a gente acredita que a marca vai estar pronta. Tudo é feito muito com pé no chão. No Fashion Rio surgiram muitas oportunidades. Selecionaram três peças da nossa coleção para colocar no editorial da Revista Mag, a mais conceitual de moda no país como identificação de produtos novos. Não é uma revista comercial, mas de conceito de moda, do Paulo Borges, Publisher da revista e fundador do São Paulo Fashion Week e do Fashion Rio. Estivemos com ele e foi aí que nos convidou para desfilar no Fashion Rio.

Suas coleções apresentam muitas tendências internacionais. Quais são suas principais fontes de inspiração?
Temos buscado bastante. Essa viagem que estou fazendo já é pra inverno 2013, Feira Premiere Vision. Essa feira é a seleção de todos os fornecedores mundiais de tecidos importantes do seguimento que atuamos. Ela acontece em São Paulo, Paris e Milão. Estou indo na edição de São Paulo. Depois acontece em Paris e Milão. Mas a mesma coisa que acontece aqui, acontece lá. Por exemplo, o tule illusion que a gente colocando nas peças é o mesmo tule, importando da Itália, que a Channel usa e é do mesmo fornecedor. O conhecemos através dessa feira Premiere Vision no começo do ano e ele fornece pra Europa e pra nós. A gente está assinando o Style Sight, o site de busca de tendências mundiais, o maior do mundo hoje, que antecipa tendências em até 5 anos, mas é totalmente em inglês, acontece lá fora e é um custo bem significativo. A gente começou assinar agora e vai dar um up muito diferente nas próximas peças. A gente ainda acha que está muito pequeno. Sou muito detalhista, virginiana com ascendente em virgem e lua em virgem.

Como foi deslumbrar os olhos do Estado e sair em massa na mídia após estrear no Paraná Business Collection?
A gente foi convidado para desfilar e o convite já veio como uma surpresa e gratificação muito grande pra gente, pois não é qualquer empresa que desfila, só os convidados. No começo da historia deixou muito feliz. Sabíamos que tínhamos que trabalhar muito para, no mínimo, suprir as expectativas que tinham depositado na gente. A assessoria que tivemos, o respaldo do Paulo Martins, organizador do evento, o Clé Carrer que foi meu produtor. Foi de um profissionalismo imenso. Como era o nosso primeiro desfile desse porte estávamos um pouco inseguros em vários quesitos. Ele não só supriu tudo isso, como auxiliou na definição de trilha, make, beleza de cabelo, tanto é que tudo saiu como imaginávamos. Uma equipe muito bacana trabalhando juntos por dois meses. A coleção estava pronta, foi só preparação de desfile mesmo, definir cenografia, quais peças entrariam. A coleção tem 60 peças, apresentamos 27 no Paraná. Definição de cartela de cores que vem para passarela, pois a cartela toda tem cores excedentes, como o vermelho, verde água, prata, que não foram para a passarela, para que ficasse uma fotografia legal. Estou até ainda um pouco meio que perplexa. Imaginava lógico que teríamos uma repercussão e que seria legal, mas superou todas as expectativas. Tivemos contato de cliente final mesmo, até no meu Instagram, ou no site pedindo as lojas que vendem é diário.

Toda mulher que olha sua coleção deseja seus vestidos. Você diria que o perfil ideal para sua produção é que tipo de mulher?
Eles cabem em todas as festas. Na verdade são para uma mulher mais autêntica, bem contemporânea. Mulher que goste de romantismo, de muita delicadeza. Trabalhamos com locação aqui na Vestiti e também, no atelier, a gente faz exclusivo ao gosto do cliente, não só o que temos na coleção. No atelier, normalmente não tenho as peças da coleção, trabalhamos mais o personalizado.

Em Pato Branco, sua ponte é a blogueira de moda Josiana Rezzardi? Como foi a promoção com as blogueiras do Paraná?
Ela me acompanhou totalmente. A Josi é alguém que eu tenho contato anterior e já vai fazer parte da equipe de criação da próxima coleção numa categoria um pouco diferente. Além dela, vou escolher mais uma das blogueiras para fazer parte dessa equipe. Ela já faz parte da equipe antes mesmo da seleção. É uma parceria com o blog http://www.umaluznofimdocloset.com.br para fazer pesquisa de tendência, é nesse sentido que elas vão auxiliar a equipe de produção. Buscar a relação dos desfiles que estão acontecendo lá fora, tendência de Street Style, estilo de rua mesmo, para a gente trazer um pouco disso, na visão delas, para dentro da marca. A marca tem um perfil jovem. Como a gente faz a moda festa, não que a gente não vestem também tamanhos completamente distintos, vestimos até o 48 e padrões de idade diferente, mas a característica principal da marca é jovem, é uma modelagem jovem, pegada jovem e é o que o mercado tem carência significativa”.

Você produz para a sudoestina ir para o mundo ou a missão de Cyntia Fontanella é trazer o mundo para a sudoestina?
Fico muito feliz de a gente poder proporcionar as duas coisas. As pessoas sempre perguntam e faço questão de dizer para os jornais da região, até quando estávamos no Rio perguntavam: de onde mesmo vocês são? A gente até criou uma estratégia em relação ao Paraná porque o berço da moda festa é minas. Quando pediam “de que lugar de Minas vocês são?” respondíamos: somos do Paraná. Os dois últimos catálogos fotografamos em Lapa e Curitiba. Essa de verão se chama “Versos Urbanos” e fizemos em Curitiba. A ideia de fotografar esses dois catálogos foi fortalecer a identidade paranaense da marca. Temos orgulho disso. A gente tem muita capacidade, podemos fazer muita coisa. Digo pelos profissionais que trabalham com a gente aqui. Temos pessoas fantásticas em todos os sentidos, desde as equipes de trabalhos manuais, bordado, costura, corte, equipe de atendimento, temos muita capacidade, é só focar e trabalhar que as coisas podem acontecer e irmos muito longe, todos os paranaenses.
Internamente contamos com 22 pessoas e externamente umas quase 40, sem contar representantes comerciais, que temos uns 10. Essa é a equipe de trabalho e de construção de produtos.

Como foi a ideia da patente do aramado?
Lance de ser advogada e na verdade o suporte a gente desenvolveu muito antes da ideia de a fábrica acontecer. Eu queria um vestido pra eu ir na formatura da faculdade de direito, daquela forma. O Fabio já fazia coisas pra mim, ele buscou e desenvolveu pra minha formatura. Foi muito bacana, logo que a gente começou a fabrica entrou com pedido de patente, e esta bem adiantado. O registro do desenho industrial a gente já tem. 



DIOGO PORTUGAL: "Se o cara é humorista já é um bom exemplo" - Entrevista Perfil


“Gosto de criar uma aproximação com a plateia quando brinco com alguma coisa daquela cidade que a pessoa se identifica”
 Daiana Pasquim, jornalista e professora
O sino bateu às 18h do Dia Internacional da Mulher do ano de 1969, e Diogo Portugal estreou para a vida, em Curitiba (PR). Hoje ele roda o país inteiro, conhecendo todas as redes de hotéis brasileiras, concretizando em parte aquele sonho de menino de ser “dono de uma rede de hotéis”. Se hoje ele é um dos nomes que representam a nova cara do humor brasileiro, a vida de humorista não começou fácil não. Filho de desembargador, revelou nessa entrevista o quanto deixou seus pais deslocados quando era expulso da escola por fazer peraltices. Era quando estava formatando as bases para essa profissão que o fez ficar tão conhecido e, de quebra, leva por todos os cantos a raiz do Paraná. Para Diogo Portugal, é o humor que escolhe a pessoa. Você não escolhe ser humorista. E para se tornar um, primeiro seus amigos devem dizer que você serve pra coisa. Do torto aos investimentos em ingressos, conta que começou a fazer humor em barzinhos, com a plateia bem mais do que levemente alcoolizada.
Foi por trás das imensas e vermelhas cortinas do palco do Teatro Municipal Naura Rigon de Pato Branco que ele gentilmente concedeu essa entrevista perfil exclusiva do Diário do Sudoeste, instantes antes de iniciar o Stand-up Comedy Hã?! no sábado (13). Foi quando revelou algumas coisas sobre sua vida, mas também quis saber da reportagem o que era “assunto quente” por aqui, para improvisar piadas personalizadas: grande preocupação de Portugal, fazer com que o público se aproprie daquele momento, se identifique e vivencie. Por isso abre o stand up logo pedindo palmas “porque nunca sei se isso será possível no final”, ironiza e, também conceitua: isso não é bem um show, é mais uma “terapia em grupo”. Por isso, as lombadas de Pato Branco, as “trincheiras” entre o asfalto daqui a Francisco Beltrão, bem como Mariópolis e Vitorino foram envolvidos em piadas que fizeram o teatro lotado gargalhar quase ininterruptamente por uma hora e um pouco mais.
O que mais predominou em suas piadas foi a filha de quase um ano, principal mudança na vida de Diogo Portugal da segunda, para esta terceira vinda a Pato Branco. Não à toa, é um dos nomes mais fortes do stand-up brasileiro. Criador e curador do Risorama, maior festival humorístico da América Latina que acontece todos os anos durante o Festival de Teatro de Curitiba, foi a terceira vez que veio a Pato Branco.
Outra revelação de sua vida humoristicamente feita no palco é que “minha família é ligada à dramaturgia, são todos advogados. Minha mãe não aprova as coisas que eu falo aqui, ela é muito religiosa. Vai tanto à missa que está com “hóstioporose”, satiriza.
Camisa xadrez por sobre a camiseta descolada, jeans e tênis, mas cara limpa. Versátil, ele vai do Stand-Up Comedy – a chamada comédia de cara limpa, sem figurinos ou personagens – às tradicionais esquetes, encarnando os tipos mais hilários e diferentes. Por isso quer voltar a Pato Branco com “Portugal é Aqui”, peça em que aparecem todos os seus personagens: office-boy Elvisley, a Dani Ficado, Marlene Marluce Catarina, Ediomar - O porteiro, Pamela Conti, a ex-prostituta, o marombado Bomba, o publicitário Carlos Umberto Modesto.
Na televisão integrou em 2009 o elenco do programa “Zorra Total”, da TV Globo, como Elvisley, e na RPC, o quadro “Louco de Bom”, em que faz sátiras do dia a dia, misturando stand-up comedy e interpretação de personagens. Participou também do programa do Jô e do Domingão do Faustão, com grande repercussão na internet. Esteve entre os finalistas do primeiro Prêmio Multishow do Bom Humor Brasileiro, ao lado da comediante Cláudia Rodrigues, do programa “A Diarista” da TV Globo, e do concurso de humoristas do Fantástico, em 2005. Diogo Portugal está entre os humoristas mais vistos na internet. Você pode buscar lá e ler aqui, para fazer uma viagem ao humor contemporâneo com raízes no Paraná:

Quando você era só o menino Diogo, o que queria ser quando crescesse?
Eu queria ter uma rede de hotéis, porque brincava de jogo imobiliário e me lembro que nesse jogo se podia ter vários hotéis. Hoje, a ironia da situação, é que acho que conheci todas as redes de hotéis do Brasil, porque minha vida é de hotel em hotel. Parece que o feitiço rolou contra o feiticeiro. Não sou dono dos hotéis e sou obrigada a ficar neles.

Você era um menino muito bagunceiro? Qual é a profissão de seus pais?
Meu pai era desembargador, um cara magistrado, homem muito correto e cheio de respeito e pompas. Sempre foi obrigado a viver situações constrangedoras ao meu respeito. Eu era mandado para fora do colégio porque fazia uma gracinha. Sempre essa coisa. Então, se fizer uma releitura da vida, essa coisa de fazer uma gracinha é o que eu continuo fazendo, mas agora mais profissionalmente. Mas eu sempre era mandado pra fora da sala, suspenso, e meu pai ficava com muita vergonha no começo. Tentei fazer várias outras coisas da minha vida até... eu falo que o humor é uma profissão que escolhe a gente, não é você que escolhe.

E em que momento da sua vida o humor realmente te pegou e você disse: vou trabalhar com isso?
É importante que as pessoas em volta de vc falem que você tem talento, para você também acreditar. Outras coisas foi alguns desafios que apareceram, tipo o festival do Canal Multishow em 1997, mas eu fiz várias coisas, trabalhei com publicidade, muito na área de criação.

A criação é a sua praia. Você costuma colocar suas piadas no papel fazendo um “roteirinho” ou o que surge você bola na cabeça?
Não. Até queria te perguntar algumas coisas sobre Pato Branco para ver se consigo levar para o palco agora. Cheguei um pouco em cima da hora, estava meio gripado, precisei descansar e não tive esse tempo. Vai fluindo, mas eu tenho no roteiro um esqueleto programado das piadas que eu quero fazer e sei que funcionam.

Quais são os humoristas que você tem como inspiração no país e no mundo?
Sempre gostei muito aqui no Brasil do Chico Anísio, sempre achei um cara muito legal cheio de personagens e acho que me ensinou muito. Quando eu queria muito ser humorista, me inspirava muito nele, achava ele muito legal. Mas depois eu conheci comediantes americanos muito bons, como George Carlin, que falava coisas absurdas assim. Tinha um cara que se chamava Jerry Seinfeld que fazia humor do nada, de observações do nada. Lia uma caixa de remédio e fazia uma piada. Aquilo me inspirou muito no stand up. Mas personagens, participei de uma noite de São Paulo que se chamava “Terça Insana” e também me joguei muito nessa coisa de criar tipos assim.

E os humoristas que nunca são bons exemplos pra você?
Puxa, se o cara é humorista, já é um bom exemplo (risos). É lógico. Veja o caso do Rafinha Bastos, por exemplo, ele é um cara sensacional, acho ele muito inteligente, é um ótimo humorista. O fato de ele ter peitado coisas e falado absurdos, ele foi muito julgado por uma besteirinha. Sou fã do Rafinha e trabalhamos juntos, acho ele bom. Ele é bom mesmo. Não é o meu estilo de humor. Quem vê o meu show percebe que é diferente. Eu não tenho um show que é só, vamos dizer, insultos e agressividades ou algo do gênero. Não tenho só críticas, tipo o Rafinha vai muito na parte do “Departamento de Reclamação”, o show inteiro. Acho que ele foi muito julgado por pouca coisa.

Você acha o caso do Rafinha parecido com o do Cauê Moura?
O Cauê Moura, se de repente tivesse chegado pro Latino e falado “vai tomar no cú mesmo”, entendeu? Mas ali no caso dele foi pior ainda, porque acho que o Latino deveria ter feito uma resposta na piada também e não do jeito que foi. Aquilo ficou mal pro Cauê Moura, mas eu entendo também o lado do Cauê Moura, porque, poxa, está começando agora, não tem que se queimar, não tem toda essa bagagem e não tem também tanto dinheiro guardado pra ficar tomando risco, entendeu? Que é coisa que o Rafinha já tinha. O Rafinha já estava rico. Então ele pegou e mandou “se foder mesmo”, que era o que ele sempre queria ter feito.

O stand up é considerado um dos gêneros mais difíceis. Com bastante prática nisso, está sempre fazendo shows, mas ainda assim tem sempre o friozinho na barriga, ou não?
Sim, sim. Eu nunca sei como que vai ser. A plateia pode estar legal, pode não estar. Eu tenho essa coisa da provação, “Ah, o Diogo, mas ele já veio pra cá” “Ah, vou ver de novo”, “Ah, mas ele é do Paraná”. Sabe, tem essa coisa de que você não brilha tanto na sua terra, quanto fora dela.

Você acredita que o humor brasileiro está na sua melhor fase?
É uma boa fase, mas não sei se é a melhor, porque antigamente a gente tinha programas tipo o TV Pirata que era muito bom. Não podemos esquecer do começo do Casseta e Planeta também. A gente não pode nunca desprezar esse tipo de humor, porque todos nós humoristas “bebemos muito dessa fonte”. Do que eu sou mais fã mesmo era de Chico Anysio, aprendi muito com ele.


“Quero dizer que adoro esse teatro, ele é bem aconchegante, tem um clima bacana para show de humor. Eu sou paranaense, então me sinto um pouco em casa fazendo show em meu próprio Estado”


CRÔNICA
O retorno com cara de “Hã?!

Daiana Pasquim
Ele faz a muitos rirem com a cara mais séria do mundo. Se você precisa espantar alguma amargura, esquecer um pouco seus problemas tem que ir ao Teatro Municipal Naura Rigon de Pato Branco, na noite desta sábado para assistir ao stand up comedy com Diogo Portugal, às 21h. Paranaense, é dos nomes mais fortes do Stand Up nacional e concedeu uma entrevista exclusiva por telefone ao Diário do Sudoeste no final da tarde desta quinta-feira (11), quando buscava se inteirar sobre o acontecimento do momento da cidade, para bem elaborar seu show.
“Gosto sempre de pedir alguma informação pra saber qual é o assunto da hora, pra de repente improvisar alguma piada que tenha a ver com o público. A gente gosta de pegar alguma informação local para criar uma aproximação com a plateia quando brinco com alguma coisa daquela cidade que a pessoa se identifica. A plateia repara que houve essa preocupação”, adiantou.
O stand up comedy muda muito, por isso, Diogo Portugal menciona ser preciso piadas novas, textos novos. “Sempre tem algo novo se inserindo, mexendo aqui e tirando aqui. Quero ir praí depois com a outra peça com personagem, a peça “Portugal é aqui”.
Com cara de “Hã?!” no flyer, o show foi divulgado pela mídia nos últimos dias, mas quem quer se antecipar e entrar no http://www.diogoportugal.com.br/ tem quase um diálogo com ele, onde respondemos apenas com risadas. Diogo se apresenta “este é o meu site, entra aí e fique a vontade” e logo emenda uma piada “não tão à vontade assim”. Faz algumas mímicas enquanto fica esperando você clicar em algum item do menu e é difícil não querer ficar olhando ele se contorcer até que a placa de replay congele a sua imagem.
Na entrevista ele relativiza e diz: “foi um site que fiz há algum tempo, mas bem sincero, já estou mudando, em breve deve estar entrando um site novo. Meu próximo site vai ser muito interessante, em formato blog, humor não só para falar do Diogo, como para entreter, ter todos os meus shows, o que eu preciso para falar com meu público, com vídeos e piada gráfica, como um blog de humor do Diogo Portugal, no mesmo domínio”, adiantou, querendo fazer as coisas andar na velocidade "das coisas".
O show em Pato Branco é um retorno, já que fez comédias aqui em outras ocasiões. “Quero dizer que adoro esse teatro, ele é bem aconchegante, tem um clima bacana para show de humor. Eu sou paranaense, então me sinto um pouco em casa fazendo show em meu próprio Estado. É uma cidade bacana, onde costumo brincar com aquela rixa entre Pato Branco e Francisco Beltrão”.
Escrever seu nome no Google significa encontrar aproximadamente 1.450.000 resultados, não é pra menos, pois Diogo transita com muita tranquilidade nos diversos meios. “A internet te dá mais liberdade que a TV de falar o que quiser, mas o ao vivo tem a resposta na hora, o que é muito legal”.