Revelamos a meteórica trajetória
profissional da sudoestina que criou e dá nome à marca de vestidos de festa que
despontou no Paraná Business Collection e está ganhando o Brasil com inspiração
no exterior
Daiana
Pasquim, jornalista e professora
Esculturalmente
linda. Toda mulher fica assim vestindo um Cyntia Fontanella. Isso porque a “estrutura”
é o que mais caracteriza suas peças, sustentada pelo aramado já patenteado por
Cyntia, que fica acoplado ao corpo da mulher, dando conforto e moldura para a silhueta.
Essa paranaense nascida em São Jorge do Oeste, que viveu grande parte de sua
vida em Dois Vizinhos – onde hoje tem o Atelier
Vestiti-, lançou no mundo da moda a ideia de um vestido totalmente
diferente do que se encontra no mercado. Bordados, pérolas, brilho, tule,
leveza, estruturação. É o clássico com ousadia. Para uma mulher real,
independente, feminina.
Nascida em
São Jorge do Oeste em 20 de setembro de 1980, no mesmo dia de seu fiel parceiro
de trabalho, o estilista Fabis Fellizardo, construiu ao lado do marido Péricles
Fontanella, uma marca forte e desejada pela classe feminina. Quem sabe o fato
de ter nascido de alguém chamada Diva Bonatto, professora de artes na Apae,
tenha prenunciado, pois desde pequena Cyntia foi muito fashionista, inspirada
pela mãe.
Empresária,
estilista, formada em Economia (2003) e em Direito em 2008 pela União de Ensino
do Sudoeste do Paraná (Unisep) e pós-graduada em Direito Público pela União
Dinâmica das Faculdades Cataratas (UDC) em 2010, atualmente Cyntia faz o MBA em
Design de Moda, na Universidade Paranaense de Maringá e ainda está ajustando
uma especialização em 28 de julho, de um curso integral no Istituto Marangonim The Fashion School, de Milão, na Itália, em parceira
com o Sebrae.
Atua no ramo
da alta costura da grife que leva seu nome, numa ideia que surgiu no começo de
2010 e hoje existem peças de catálogo, que pode ser desfrutado em http://www.cyntiafontanella.com.br
e peças exclusivas que podem ser pedidas no atelier. Atuou como advogada no Sudoeste
até oito meses atrás, quando passou a se dedicar exclusivamente para a moda. Depois
de ter oficialmente estreado no último Paraná
Business Collection num desfile que, nas palavras da pato-branquense
blogueira de moda Josiana Rizzardi “começou com pouca iluminação e algumas
modelos já na passarela, ao som de uma máquina de escrever que teclava os
versos de Helena Kolody, escritos em 1997. Tudo foi perfeitamente encaixado. A
música começou lenta e, ao final da última palavra, tornou-se algo grande e
ribombante que arrepiou os presentes”. A grife está convidada para desfilar no Fashion Rio e estará no editorial da Revista Mag, a mais conceitual de moda
do país. Confira a entrevista que fizemos por telefone com Cyntia Fontanella
nesta semana, antes de ela viajar para São Paulo para a Feira Premiere Vision:
O seu nome em si já é uma marca. Como você
se tornou a Cyntia Fontanella?
Meu nome todo
é Cyntia Samira Bonatto Eugênio Fontanella, herdado no casamento com Péricles,
em 2005. Tivemos o Murilo, de 5 anos. Nasci em São Jorge do Oeste, mas sou de
Dois Vizinhos. Meu pai é português. Logo que eu nasci o único irmão dele que
estava no Brasil morava no Acre, e assim morei lá por 14 anos. Depois voltei
pra Dois Vizinhos, conheci o Péricles e fomos morar em Quedas do Iguaçu. Voltei
para Dois Vizinhos há um ano. A primeira ideia era o atelier. Na verdade, para
mim era um investimento a parte, além da advocacia num primeiro momento. Era
uma coisa mais local, íamos atender a região, não havíamos imaginado algo assim.
Mas loguinho que a gente montou me apaixonei. Sempre gostei de moda, minha mãe
desde muito pequena sempre foi muito fashionista e eu sempre pirei com historia
de moda. Logo no começo já me identifiquei demais. E com nem um mês de atelier começou
a surgir um monte de coisa bacana e veio a ideia de fazer uma marca que
vendesse no Brasil inteiro e exterior. Sou muito determinada nessa questão e comecei
a correr atrás de como fazer isso do dia pra noite. Com seis meses de atelier,
a gente criou a marca e as coisas foram acontecendo de uma forma tão intensa
que não dava mais certo conciliar a advocacia com a moda. Faz 8 meses que
fechei deixei meus dois escritórios de advocacia, em Quedas do Iguaçu e Dois Vizinhos,
para me dedicar totalmente à marca e ao Atelier Vestiti, aqui na Centro de Dois
Vizinhos, na Travessa Marechal Floriano Peixoto, 65.
Como surgiu a ideia de fazer uma grife de
vestidos de festas em Dois vizinhos?
Fabis e eu
somos amigos de longa data. Sempre fui muito apaixonada pelas coisas que ele
desenvolvia. Acreditava muito no potencial dele, mesmo sem formação especifica ou
técnica, mas muita prática. Sempre nos demos muito bem e, um dia, eu tinha ido
até a residência dele, que não tinha mais atelier e fazia coisas personalizadas
em casa. Eu precisava fazer uniformes para as secretaria do escritório e fui lá
pra gente criar alguma coisa. Foi quando ele comentou que estava pensando em
fazer algo novo, reabrir um atelier. Falei: que tal tentarmos fazer alguma
coisa juntos? Ele adorou a ideia porque a gente se dava super bem e foi
incrível. Acredito nisso e temos uma coisa muito peculiar: eu o Fabis fazemos aniversário
no mesmo dia, em 20 de setembro. Temos curiosidades e muita identidade legal,
fora que a gente se dá muito bem, é bom nem falar tanto. Tudo que eu faço de
pesquisa e de informação, ele consegue assimilar muito e colocamos em prática
muito rapidamente. Por isso tem dado tão certo.
Se faz apenas um ano e meio que vocês criaram
a grife e já têm quatro coleções, mas alguns vestidos levam até 40 dias para
serem feitos, você trabalha muito intensamente, certo?
Esse quase um
mês de produção é dessa última coleção, que vem com uma característica bem
diferente das demais, um DNA mais sofisticado, muito trabalho hand mager, que é o manual com bordado,
ela requer um pouco mais de tempo na construção das peças. Já fomos duas vezes para
o Fashion Rio. No primeiro ano para o
Rio, e nesse íamos para o Minas Fashion,
mas na assessoria do Sebrae identificaram ainda o Fashion Rio como a melhor porta. E sem sombra de dúvidas isso se
concretizou. Estamos distribuindo em quase todo o país, nos Estados principais.
E quanto a levar a marca para o exterior?
Criamos
projetos. Quando fizemos a marca não tínhamos uma visualização tão grande sobre
como o negócio ia se portar e a rapidez com que ia acontecer. Foi aí que o Péricles
entrou na empresa e faz todo o financeiro e comercial. Fomos amadurecendo as
ideias de colocação da marca, reavaliando algumas estratégias que a gente vinha
tendo e de repente não eram as mais acertadas no momento oportuno. E essa
decisão de exportação transferimos para o final de 2013. É o momento que a
gente acredita que a marca vai estar pronta. Tudo é feito muito com pé no chão.
No Fashion Rio surgiram muitas
oportunidades. Selecionaram três peças da nossa coleção para colocar no editorial
da Revista Mag, a mais conceitual de moda no país como identificação de
produtos novos. Não é uma revista comercial, mas de conceito de moda, do Paulo
Borges, Publisher da revista e fundador do São
Paulo Fashion Week e do Fashion Rio.
Estivemos com ele e foi aí que nos convidou para desfilar no Fashion Rio.
Suas coleções apresentam muitas tendências
internacionais. Quais são suas principais fontes de inspiração?
Temos buscado
bastante. Essa viagem que estou fazendo já é pra inverno 2013, Feira Premiere Vision.
Essa feira é a seleção de todos os fornecedores mundiais de tecidos importantes
do seguimento que atuamos. Ela acontece em São Paulo, Paris e Milão. Estou indo
na edição de São Paulo. Depois acontece em Paris e Milão. Mas a mesma coisa que
acontece aqui, acontece lá. Por exemplo, o tule illusion que a gente colocando
nas peças é o mesmo tule, importando da Itália, que a Channel usa e é do mesmo fornecedor. O conhecemos através dessa
feira Premiere Vision no começo do ano e ele fornece pra Europa e pra nós. A
gente está assinando o Style Sight, o site
de busca de tendências mundiais, o maior do mundo hoje, que antecipa tendências
em até 5 anos, mas é totalmente em inglês, acontece lá fora e é um custo bem
significativo. A gente começou assinar agora e vai dar um up muito diferente nas
próximas peças. A gente ainda acha que está muito pequeno. Sou muito
detalhista, virginiana com ascendente em virgem e lua em virgem.
Como foi deslumbrar os olhos do Estado e
sair em massa na mídia após estrear no Paraná Business Collection?
A gente foi
convidado para desfilar e o convite já veio como uma surpresa e gratificação
muito grande pra gente, pois não é qualquer empresa que desfila, só os
convidados. No começo da historia deixou muito feliz. Sabíamos que tínhamos que
trabalhar muito para, no mínimo, suprir as expectativas que tinham depositado
na gente. A assessoria que tivemos, o respaldo do Paulo Martins, organizador do
evento, o Clé Carrer que foi meu produtor. Foi de um profissionalismo imenso.
Como era o nosso primeiro desfile desse porte estávamos um pouco inseguros em
vários quesitos. Ele não só supriu tudo isso, como auxiliou na definição de
trilha, make, beleza de cabelo, tanto é que tudo saiu como imaginávamos. Uma
equipe muito bacana trabalhando juntos por dois meses. A coleção estava pronta,
foi só preparação de desfile mesmo, definir cenografia, quais peças entrariam.
A coleção tem 60 peças, apresentamos 27 no Paraná. Definição de cartela de
cores que vem para passarela, pois a cartela toda tem cores excedentes, como o vermelho,
verde água, prata, que não foram para a passarela, para que ficasse uma
fotografia legal. Estou até ainda um pouco meio que perplexa. Imaginava lógico
que teríamos uma repercussão e que seria legal, mas superou todas as
expectativas. Tivemos contato de cliente final mesmo, até no meu Instagram, ou
no site pedindo as lojas que vendem é diário.
Toda mulher que olha sua coleção deseja
seus vestidos. Você diria que o perfil ideal para sua produção é que tipo de
mulher?
Eles cabem em
todas as festas. Na verdade são para uma mulher mais autêntica, bem contemporânea.
Mulher que goste de romantismo, de muita delicadeza. Trabalhamos com locação
aqui na Vestiti e também, no atelier, a gente faz exclusivo ao gosto do cliente,
não só o que temos na coleção. No atelier, normalmente não tenho as peças da
coleção, trabalhamos mais o personalizado.
Em Pato Branco, sua ponte é a blogueira de
moda Josiana Rezzardi? Como foi a promoção com as blogueiras do Paraná?
Ela me
acompanhou totalmente. A Josi é alguém que eu tenho contato anterior e já vai
fazer parte da equipe de criação da próxima coleção numa categoria um pouco
diferente. Além dela, vou escolher mais uma das blogueiras para fazer parte
dessa equipe. Ela já faz parte da equipe antes mesmo da seleção. É uma parceria
com o blog http://www.umaluznofimdocloset.com.br
para fazer pesquisa de tendência, é nesse sentido que elas vão auxiliar a
equipe de produção. Buscar a relação dos desfiles que estão acontecendo lá
fora, tendência de Street Style,
estilo de rua mesmo, para a gente trazer um pouco disso, na visão delas, para
dentro da marca. A marca tem um perfil jovem. Como a gente faz a moda festa, não
que a gente não vestem também tamanhos completamente distintos, vestimos até o
48 e padrões de idade diferente, mas a característica principal da marca é
jovem, é uma modelagem jovem, pegada jovem e é o que o mercado tem carência
significativa”.
Você produz para a sudoestina ir para o
mundo ou a missão de Cyntia Fontanella é trazer o mundo para a sudoestina?
Fico muito
feliz de a gente poder proporcionar as duas coisas. As pessoas sempre perguntam
e faço questão de dizer para os jornais da região, até quando estávamos no Rio
perguntavam: de onde mesmo vocês são? A gente até criou uma estratégia em
relação ao Paraná porque o berço da moda festa é minas. Quando pediam “de que
lugar de Minas vocês são?” respondíamos: somos do Paraná. Os dois últimos
catálogos fotografamos em Lapa e Curitiba. Essa de verão se chama “Versos
Urbanos” e fizemos em Curitiba. A ideia de fotografar esses dois catálogos foi
fortalecer a identidade paranaense da marca. Temos orgulho disso. A gente tem muita
capacidade, podemos fazer muita coisa. Digo pelos profissionais que trabalham
com a gente aqui. Temos pessoas fantásticas em todos os sentidos, desde as equipes
de trabalhos manuais, bordado, costura, corte, equipe de atendimento, temos muita
capacidade, é só focar e trabalhar que as coisas podem acontecer e irmos muito
longe, todos os paranaenses.
Internamente
contamos com 22 pessoas e externamente umas quase 40, sem contar representantes
comerciais, que temos uns 10. Essa é a equipe de trabalho e de construção de
produtos.
Como foi a ideia da patente do aramado?
Lance de ser
advogada e na verdade o suporte a gente desenvolveu muito antes da ideia de a
fábrica acontecer. Eu queria um vestido pra eu ir na formatura da faculdade de
direito, daquela forma. O Fabio já fazia coisas pra mim, ele buscou e desenvolveu
pra minha formatura. Foi muito bacana, logo que a gente começou a fabrica
entrou com pedido de patente, e esta bem adiantado. O registro do desenho
industrial a gente já tem.
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