segunda-feira, 3 de junho de 2013

Cyntia Fontanella: "O paranaense tem muita capacidade, queremos mostrar que podemos fazer muita coisa" - Entrevista Perfil




Revelamos a meteórica trajetória profissional da sudoestina que criou e dá nome à marca de vestidos de festa que despontou no Paraná Business Collection e está ganhando o Brasil com inspiração no exterior

Daiana Pasquim, jornalista e professora

Esculturalmente linda. Toda mulher fica assim vestindo um Cyntia Fontanella. Isso porque a “estrutura” é o que mais caracteriza suas peças, sustentada pelo aramado já patenteado por Cyntia, que fica acoplado ao corpo da mulher, dando conforto e moldura para a silhueta. Essa paranaense nascida em São Jorge do Oeste, que viveu grande parte de sua vida em Dois Vizinhos – onde hoje tem o Atelier Vestiti-, lançou no mundo da moda a ideia de um vestido totalmente diferente do que se encontra no mercado. Bordados, pérolas, brilho, tule, leveza, estruturação. É o clássico com ousadia. Para uma mulher real, independente, feminina.
Nascida em São Jorge do Oeste em 20 de setembro de 1980, no mesmo dia de seu fiel parceiro de trabalho, o estilista Fabis Fellizardo, construiu ao lado do marido Péricles Fontanella, uma marca forte e desejada pela classe feminina. Quem sabe o fato de ter nascido de alguém chamada Diva Bonatto, professora de artes na Apae, tenha prenunciado, pois desde pequena Cyntia foi muito fashionista, inspirada pela mãe.
Empresária, estilista, formada em Economia (2003) e em Direito em 2008 pela União de Ensino do Sudoeste do Paraná (Unisep) e pós-graduada em Direito Público pela União Dinâmica das Faculdades Cataratas (UDC) em 2010, atualmente Cyntia faz o MBA em Design de Moda, na Universidade Paranaense de Maringá e ainda está ajustando uma especialização em 28 de julho, de um curso integral no Istituto Marangonim The Fashion School, de Milão, na Itália, em parceira com o Sebrae.
Atua no ramo da alta costura da grife que leva seu nome, numa ideia que surgiu no começo de 2010 e hoje existem peças de catálogo, que pode ser desfrutado em http://www.cyntiafontanella.com.br e peças exclusivas que podem ser pedidas no atelier. Atuou como advogada no Sudoeste até oito meses atrás, quando passou a se dedicar exclusivamente para a moda. Depois de ter oficialmente estreado no último Paraná Business Collection num desfile que, nas palavras da pato-branquense blogueira de moda Josiana Rizzardi “começou com pouca iluminação e algumas modelos já na passarela, ao som de uma máquina de escrever que teclava os versos de Helena Kolody, escritos em 1997. Tudo foi perfeitamente encaixado. A música começou lenta e, ao final da última palavra, tornou-se algo grande e ribombante que arrepiou os presentes”. A grife está convidada para desfilar no Fashion Rio e estará no editorial da Revista Mag, a mais conceitual de moda do país. Confira a entrevista que fizemos por telefone com Cyntia Fontanella nesta semana, antes de ela viajar para São Paulo para a Feira Premiere Vision:

O seu nome em si já é uma marca. Como você se tornou a Cyntia Fontanella?
Meu nome todo é Cyntia Samira Bonatto Eugênio Fontanella, herdado no casamento com Péricles, em 2005. Tivemos o Murilo, de 5 anos. Nasci em São Jorge do Oeste, mas sou de Dois Vizinhos. Meu pai é português. Logo que eu nasci o único irmão dele que estava no Brasil morava no Acre, e assim morei lá por 14 anos. Depois voltei pra Dois Vizinhos, conheci o Péricles e fomos morar em Quedas do Iguaçu. Voltei para Dois Vizinhos há um ano. A primeira ideia era o atelier. Na verdade, para mim era um investimento a parte, além da advocacia num primeiro momento. Era uma coisa mais local, íamos atender a região, não havíamos imaginado algo assim. Mas loguinho que a gente montou me apaixonei. Sempre gostei de moda, minha mãe desde muito pequena sempre foi muito fashionista e eu sempre pirei com historia de moda. Logo no começo já me identifiquei demais. E com nem um mês de atelier começou a surgir um monte de coisa bacana e veio a ideia de fazer uma marca que vendesse no Brasil inteiro e exterior. Sou muito determinada nessa questão e comecei a correr atrás de como fazer isso do dia pra noite. Com seis meses de atelier, a gente criou a marca e as coisas foram acontecendo de uma forma tão intensa que não dava mais certo conciliar a advocacia com a moda. Faz 8 meses que fechei deixei meus dois escritórios de advocacia, em Quedas do Iguaçu e Dois Vizinhos, para me dedicar totalmente à marca e ao Atelier Vestiti, aqui na Centro de Dois Vizinhos, na Travessa Marechal Floriano Peixoto, 65.

Como surgiu a ideia de fazer uma grife de vestidos de festas em Dois vizinhos?
Fabis e eu somos amigos de longa data. Sempre fui muito apaixonada pelas coisas que ele desenvolvia. Acreditava muito no potencial dele, mesmo sem formação especifica ou técnica, mas muita prática. Sempre nos demos muito bem e, um dia, eu tinha ido até a residência dele, que não tinha mais atelier e fazia coisas personalizadas em casa. Eu precisava fazer uniformes para as secretaria do escritório e fui lá pra gente criar alguma coisa. Foi quando ele comentou que estava pensando em fazer algo novo, reabrir um atelier. Falei: que tal tentarmos fazer alguma coisa juntos? Ele adorou a ideia porque a gente se dava super bem e foi incrível. Acredito nisso e temos uma coisa muito peculiar: eu o Fabis fazemos aniversário no mesmo dia, em 20 de setembro. Temos curiosidades e muita identidade legal, fora que a gente se dá muito bem, é bom nem falar tanto. Tudo que eu faço de pesquisa e de informação, ele consegue assimilar muito e colocamos em prática muito rapidamente. Por isso tem dado tão certo.

Se faz apenas um ano e meio que vocês criaram a grife e já têm quatro coleções, mas alguns vestidos levam até 40 dias para serem feitos, você trabalha muito intensamente, certo?
Esse quase um mês de produção é dessa última coleção, que vem com uma característica bem diferente das demais, um DNA mais sofisticado, muito trabalho hand mager, que é o manual com bordado, ela requer um pouco mais de tempo na construção das peças. Já fomos duas vezes para o Fashion Rio. No primeiro ano para o Rio, e nesse íamos para o Minas Fashion, mas na assessoria do Sebrae identificaram ainda o Fashion Rio como a melhor porta. E sem sombra de dúvidas isso se concretizou. Estamos distribuindo em quase todo o país, nos Estados principais.

E quanto a levar a marca para o exterior?
Criamos projetos. Quando fizemos a marca não tínhamos uma visualização tão grande sobre como o negócio ia se portar e a rapidez com que ia acontecer. Foi aí que o Péricles entrou na empresa e faz todo o financeiro e comercial. Fomos amadurecendo as ideias de colocação da marca, reavaliando algumas estratégias que a gente vinha tendo e de repente não eram as mais acertadas no momento oportuno. E essa decisão de exportação transferimos para o final de 2013. É o momento que a gente acredita que a marca vai estar pronta. Tudo é feito muito com pé no chão. No Fashion Rio surgiram muitas oportunidades. Selecionaram três peças da nossa coleção para colocar no editorial da Revista Mag, a mais conceitual de moda no país como identificação de produtos novos. Não é uma revista comercial, mas de conceito de moda, do Paulo Borges, Publisher da revista e fundador do São Paulo Fashion Week e do Fashion Rio. Estivemos com ele e foi aí que nos convidou para desfilar no Fashion Rio.

Suas coleções apresentam muitas tendências internacionais. Quais são suas principais fontes de inspiração?
Temos buscado bastante. Essa viagem que estou fazendo já é pra inverno 2013, Feira Premiere Vision. Essa feira é a seleção de todos os fornecedores mundiais de tecidos importantes do seguimento que atuamos. Ela acontece em São Paulo, Paris e Milão. Estou indo na edição de São Paulo. Depois acontece em Paris e Milão. Mas a mesma coisa que acontece aqui, acontece lá. Por exemplo, o tule illusion que a gente colocando nas peças é o mesmo tule, importando da Itália, que a Channel usa e é do mesmo fornecedor. O conhecemos através dessa feira Premiere Vision no começo do ano e ele fornece pra Europa e pra nós. A gente está assinando o Style Sight, o site de busca de tendências mundiais, o maior do mundo hoje, que antecipa tendências em até 5 anos, mas é totalmente em inglês, acontece lá fora e é um custo bem significativo. A gente começou assinar agora e vai dar um up muito diferente nas próximas peças. A gente ainda acha que está muito pequeno. Sou muito detalhista, virginiana com ascendente em virgem e lua em virgem.

Como foi deslumbrar os olhos do Estado e sair em massa na mídia após estrear no Paraná Business Collection?
A gente foi convidado para desfilar e o convite já veio como uma surpresa e gratificação muito grande pra gente, pois não é qualquer empresa que desfila, só os convidados. No começo da historia deixou muito feliz. Sabíamos que tínhamos que trabalhar muito para, no mínimo, suprir as expectativas que tinham depositado na gente. A assessoria que tivemos, o respaldo do Paulo Martins, organizador do evento, o Clé Carrer que foi meu produtor. Foi de um profissionalismo imenso. Como era o nosso primeiro desfile desse porte estávamos um pouco inseguros em vários quesitos. Ele não só supriu tudo isso, como auxiliou na definição de trilha, make, beleza de cabelo, tanto é que tudo saiu como imaginávamos. Uma equipe muito bacana trabalhando juntos por dois meses. A coleção estava pronta, foi só preparação de desfile mesmo, definir cenografia, quais peças entrariam. A coleção tem 60 peças, apresentamos 27 no Paraná. Definição de cartela de cores que vem para passarela, pois a cartela toda tem cores excedentes, como o vermelho, verde água, prata, que não foram para a passarela, para que ficasse uma fotografia legal. Estou até ainda um pouco meio que perplexa. Imaginava lógico que teríamos uma repercussão e que seria legal, mas superou todas as expectativas. Tivemos contato de cliente final mesmo, até no meu Instagram, ou no site pedindo as lojas que vendem é diário.

Toda mulher que olha sua coleção deseja seus vestidos. Você diria que o perfil ideal para sua produção é que tipo de mulher?
Eles cabem em todas as festas. Na verdade são para uma mulher mais autêntica, bem contemporânea. Mulher que goste de romantismo, de muita delicadeza. Trabalhamos com locação aqui na Vestiti e também, no atelier, a gente faz exclusivo ao gosto do cliente, não só o que temos na coleção. No atelier, normalmente não tenho as peças da coleção, trabalhamos mais o personalizado.

Em Pato Branco, sua ponte é a blogueira de moda Josiana Rezzardi? Como foi a promoção com as blogueiras do Paraná?
Ela me acompanhou totalmente. A Josi é alguém que eu tenho contato anterior e já vai fazer parte da equipe de criação da próxima coleção numa categoria um pouco diferente. Além dela, vou escolher mais uma das blogueiras para fazer parte dessa equipe. Ela já faz parte da equipe antes mesmo da seleção. É uma parceria com o blog http://www.umaluznofimdocloset.com.br para fazer pesquisa de tendência, é nesse sentido que elas vão auxiliar a equipe de produção. Buscar a relação dos desfiles que estão acontecendo lá fora, tendência de Street Style, estilo de rua mesmo, para a gente trazer um pouco disso, na visão delas, para dentro da marca. A marca tem um perfil jovem. Como a gente faz a moda festa, não que a gente não vestem também tamanhos completamente distintos, vestimos até o 48 e padrões de idade diferente, mas a característica principal da marca é jovem, é uma modelagem jovem, pegada jovem e é o que o mercado tem carência significativa”.

Você produz para a sudoestina ir para o mundo ou a missão de Cyntia Fontanella é trazer o mundo para a sudoestina?
Fico muito feliz de a gente poder proporcionar as duas coisas. As pessoas sempre perguntam e faço questão de dizer para os jornais da região, até quando estávamos no Rio perguntavam: de onde mesmo vocês são? A gente até criou uma estratégia em relação ao Paraná porque o berço da moda festa é minas. Quando pediam “de que lugar de Minas vocês são?” respondíamos: somos do Paraná. Os dois últimos catálogos fotografamos em Lapa e Curitiba. Essa de verão se chama “Versos Urbanos” e fizemos em Curitiba. A ideia de fotografar esses dois catálogos foi fortalecer a identidade paranaense da marca. Temos orgulho disso. A gente tem muita capacidade, podemos fazer muita coisa. Digo pelos profissionais que trabalham com a gente aqui. Temos pessoas fantásticas em todos os sentidos, desde as equipes de trabalhos manuais, bordado, costura, corte, equipe de atendimento, temos muita capacidade, é só focar e trabalhar que as coisas podem acontecer e irmos muito longe, todos os paranaenses.
Internamente contamos com 22 pessoas e externamente umas quase 40, sem contar representantes comerciais, que temos uns 10. Essa é a equipe de trabalho e de construção de produtos.

Como foi a ideia da patente do aramado?
Lance de ser advogada e na verdade o suporte a gente desenvolveu muito antes da ideia de a fábrica acontecer. Eu queria um vestido pra eu ir na formatura da faculdade de direito, daquela forma. O Fabio já fazia coisas pra mim, ele buscou e desenvolveu pra minha formatura. Foi muito bacana, logo que a gente começou a fabrica entrou com pedido de patente, e esta bem adiantado. O registro do desenho industrial a gente já tem. 



Nenhum comentário:

Postar um comentário