Nascido em Pato Branco, estudante do 3º ano
do Colégio Mater Dei, Cezar Henrique Lorenzi, 16, foi selecionado entre cinco
no Paraná para ir a Brasília em setembro
“Não fosse por essa participação pelo colégio provavelmente nunca teria a chance de conhecer a política brasileira”, projeta Cezar Lorenzi, 16 |
Clássicos e antigos
são os filmes favoritos do falante de inglês fluente Cezar Henrique Lorenzi,
16, que coleciona Cidadão Cane, Psicose,
Casablanca, E o Vento Levou, Cantando na Chuva, o Mágico de Oz, 2001 uma
Odisseia no Espaço, entre outros, o que demonstra apreciar o trabalho de
diretores como Stanley Kubrick e Hitchcock. Para consegui-los em versões
originais ou em Blue Ray a saída é recorrer à importação. Esse conhecimento,
somado a um desafio do Colégio Mater Dei em participar do Parlamento Jovem
Brasileiro fez Cezar escrever o projeto de lei que “Determina o corte total de
tarifas alfandegárias para produtos relacionados à arte, cultura e educação”. O
projeto se estende aos equipamentos laboratoriais de escolas, principalmente as
tecnológicas, que poderiam comprar sem impostos, desde que comprovem ser pessoa
jurídica.
Concorrendo
com o Paraná inteiro, o pato-branquense foi um dos cinco selecionados para ir a
Brasília defender o seu projeto, e o Estado, de 23 a 27 de setembro: é o
Parlamento Jovem Brasileiro (PJB). Este é o décimo ano do PJB e será também a
primeira vez que entre os sudoestinos há um representante jovem.
“Sofria na
prática, por isso quando fiz o texto não precisei exatamente pesquisar tanto,
pois sabia dos impostos abusivos, mas não teria feito se fosse por uma
aplicação individual. Teria escrito outra coisa se não achasse que esse projeto
tem uma aplicação mais universal. Sei que pode ajudar o Brasil todo”, discorre.
A taxa alfandegária para compras no exterior chega a 60% de impostos para
alguns produtos. “Acredito que se for levado adiante, o mercado cultural do país
poderia crescer, pois a importação de tais produtos iria aumentar não só a
entrada de produtos, mas forçaria a empresa a produzir bens de maior qualidade”,
projeta.
O aluno
percebe que quando se quer mais qualidade sempre se recorre aos Estados Unidos.
Sua proposta é um corte total de impostos. “O único produto artístico que hoje
não tem imposto é livro. Isso implica em certa hierarquização da arte, onde
parece que o livro é a única forma artística que tem certo valor. É importante
estender isso a toda forma de arte, música, até mesmo a pintura, instrumentos
artísticos, por isso inclui esses bens no projeto para aumentar a nossa produção
cultural”.
O funcionamento da lei
Agora que o
texto dele foi selecionado entre os cinco e Cezar vai a Brasília, terá a
oportunidade de defender o seu projeto.
Durante a chamada jornada de simulação parlamentar, o pato-branquense e
os outros jovens vão discutir e votar projetos, que serão submetidos à Comissão
de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados e poderão se tornar
projetos de lei reais. “É claro que não entram todos na Constituição, são 78
projetos e não há um número fixo para quantos serão aprovados. Digamos que, se
fosse aprovada, o que iria estabelecer era que se você comprasse numa loja
virtual, como a Amazon, a ibay - hoje
a Receita Federal, para evitar que o produto chegue aqui e não seja taxado, já
cobra na própria finalização do pedido esses 60%, mas que na verdade, acabam
sendo mais. A proposta é simplesmente reverter esses 60% para zero por cento,
mas quando chegasse aqui também não ficasse preso na alfândega até ser liberado,
mas que fosse liberado após a fiscalização”.
A
coordenadora pedagógica do Colégio Mater Dei, Vanessa Guerra Stefani explicou
que eles vão exercer um mandato legislativo, fictício, mas próximo da
realidade, por cinco dias. Os projetos de lei vão ser debatidos e discutidos
entre eles. “Cada um lê e relata a proposta de um outro colega, com certeza vai
ter o momento de defesa do próprio autor, como se fosse um projeto de lei
votado na Câmara Federal. Dos 78 serão selecionados cinco e todos, ou nenhum,
podem virar lei”, pontuou.
Medicina, Direito e Política
A estada na
Capital Federal confere uma oportunidade única. “Não é uma coisa que eu
esperasse que fosse acontecer e não fosse por essa participação pelo colégio
provavelmente nunca teria a chance de conhecer a política brasileira. Não tenho
nenhuma aspiração política, mas gosto de política. Aliás, se Medicina não
funcionar até posso me envolver de certa forma, pois minha segunda opção seria
Direito. Mas nada como deputado, no máximo
promotor”. O momento agora é de se preparar intelectualmente, seguindo o manual
enviado pelo PJB.
Cezar conserva
uma confiança revestida de crítica. “Não acho que defender meu projeto seja uma
coisa difícil, pois muitos vão concordar que o Brasil tem um mercado cultural
enorme, mas que está subdesenvolvido, se fosse aprovado o ramo iria aumentar e
nos levaria ao progresso. Até porque ele não beneficia só a cultura, mas também
a educação e teria um efeito maior em longo prazo. Mas vejo que as chances não
são tão grandes, porque quando se fala em cortar impostos se fala em economia.
Entendo que haveria bastante dificuldade em ser aprovado. A maioria dos
projetos que vi já não envolvem essa questão de cortar impostos, apenas uma
mudança mais imediata, nada que envolva as finanças do Brasil”, comentou.
Legenda
Daiana Pasquim (DRT/PR 5613)/ AC
Faculdade Mater Dei
Assessoria de Comunicação
Christoferson Agência Audiovisual
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