Pequeninas poções mirabolantes que estão incitando meu âmago deram forças para a ressurreição deste texto. Sempre fui apaixonada por bruxas e tudo que as envolve. Escrevi este conto memorial, originalmente, para a editoria Viaje com o Diarinho e ele foi publicado na edição 148 deste jornal
infantil, de 27 de outubro a 9 de novembro de 2013.
Encontrei-a na porta de um restaurante português |
Chapéus
grandes e pretos, rosto enrugado com verrugas, roupa escura e medonha. Risada
de deboche e mãos que mais parecem garras. Elas são capazes de despertar em nós
as mais estranhas curiosidades. Bruxas. Em janeiro de 2013, fiz com meus Lucas
(marido e filho) um final de semana de turismo por Florianópolis, a capital de
Santa Catarina, quando tive a oportunidade de tirar foto ao lado de uma bruxa
muito alta e assustadora. Sim, veja na foto como ela tinha o chapéu amassado e até
sorria, mas sua expressão revelava que talvez tivesse a intenção de me devorar.
Olhe para meus olhos arregalados, acha que tive medo?
Fizemos o passeio
a convite da minha professora de Literatura e doutora em Teopoética, da
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Salma Ferraz, que é escritora
também e muito entendida sobre bruxas. Ela nos convidou para, no outro dia, ir
conhecer a ilha dos açorianos, onde as lendas sobre as bruxas eram ainda mais
fortes em Florianópolis, que também é conhecida como “a ilha da magia”. O mito
da bruxa é tão antigo como a atual Santa Catarina. Acredita-se que as bruxas
vieram para Florianópolis na época da colonização açoriana, de navio, quando
estas, junto de escravos negros e pessoas doentes, eram banidas da Europa.
Também se acreditava que a sétima filha mulher de um casal, seria bruxa, a
menos que fosse batizada pela irmã mais velha.
No
imaginário das crianças, a ideia das bruxas ganhou popularização com o Halloween, festa típica dos países anglo-saxônicos,
com especial relevância nos Estados Unidos, Canadá, Irlanda e Reino Unido. Vemos
casas velhas, abóboras e bruxas, como estas que escolhemos para ilustrar esta
página. Os antigos contam que a bruxa era má. Suas vítimas eram sempre crianças
(pense que assustador), animais pequenos e lavouras em crescimento. É o que
dizem os moradores mais antigos na ilha.
Pagamos a
passagem e entramos no barco para a viagem que durou cerca de meia hora em alto
mar até atravessarmos da Barra da Lagoa da Conceição até a ilha dos açorianos.
Chegando lá começamos a caminhar por entre as casinhas que tinham muitas ervas
nos quintais. Conclui que as bruxas de lá eram iguais a essas que vemos nos
desenhos, por conhecerem muito sobre as plantas e os seus efeitos no organismo.
Meus olhos eram atentos para todos os lados para ver se encontraria alguma
mulher assustadora saindo de trás daquelas casinhas. Quando erguíamos o olhar
víamos muito mar e várias outras ilhas, que provavelmente, estariam cheias de
outras bruxas. Depois de seguir trilhas, subir morros e andar por entre os
lares e igrejinhas, paramos no deck de um restaurante à beira-mar para almoçar.
Nenhuma bruxa apareceu.
Segundo os
moradores da ilha, deve-se fazer a oração Pai-Nosso e Ave-Maria toda sexta-feira
às 18h, e andar sempre com alho no bolso, para proteção, pois a bruxa de hoje
não tem qualquer aparência especial. É uma mulher comum, que pode ser até uma
moça bonita, não voa em vassoura e não tem chapéu pontudo. Segundo Franklin
Cascaes (grande pesquisador das lendas de Santa Catarina) estas bruxas atuais
são mais perigosas... que sorte eu tive ao tirar a foto ao lado de uma estátua.
Halloween
A Data de 31
de Outubro é mundialmente conhecida como "O dia das Bruxas ou
Halloween" (nome original na língua inglesa). É um evento tradicional e
cultural com origem nas celebrações dos antigos povos. A palavra tem origem na
Igreja católica, da tradição contraída do dia 1 de novembro, o Dia de Todos os
Santos. Os estudiosos dizem que é uma versão encurtada de "All Hallows'
Even"(Noite de Todos os Santos), a véspera do Dia de Todos os Santos (All
Hallows' Day). "Hallow" é uma palavra do inglês antigo para
"pessoa santa" e o dia de todas as "pessoas santas" é apenas
um outro nome para Dia de Todos os Santos. No século V DC, na Irlanda Céltica,
o verão oficialmente se concluía em 31 de outubro. O feriado era Samhain, o Ano
novo Céltico. Alguns bruxos acreditam que a origem do nome vem da palavra
hallowinas - nome dado às guardiãs femininas do saber oculto das terras do
norte (Escandinávia). Com o tempo, as pessoas passaram a se referir à Noite de
Todos os Santos, "All Hallows' Even", como "Hallowe'en", e
mais tarde simplesmente "Halloween". O Halloween marca o fim oficial
do verão e o início do ano-novo. Lá, celebra também o final da terceira e
última colheita do ano, o início do armazenamento de provisões para o inverno,
o início do período de retorno dos rebanhos do pasto e a renovação de suas
leis. Era uma festa com vários nomes: Samhain (fim de verão), Samhein, La
Samon, ou ainda, Festa do Sol. Mas o que ficou mesmo foi o escocês Hallowe'en. (Além da imaginação)
Importante: A foto é real e os desenhos da página Diarinho são
ilustrações criadas pelos alunos Roselaine Camargo, Diana Marçal, Rauany V. F.,
Kamilli G. de Quadros e Vanessa Tabaka
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