sexta-feira, 17 de outubro de 2014

ENTREVISTA PERFIL: Luciano Pires


Entrevista realizada pela jornalista Daiana Pasquim, com captação de imagens de Lucas Piaceski, na noite de quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Aos 58 anos de idade consigo fazer aquilo que eu sonhava e queria aos 17

"Durante esse tempo, passei por um outro estágio. Não tenho dúvida nenhuma de que tudo aquilo que aprendi no mundo corporativo foi o que me deu estabilidade para poder hoje executar este meu trabalho"


Perseverança e fonte de juventude para conseguir negociar consigo mesmo o momento mais oportuno de realizar os seus sonhos impulsivos. Essa é uma lição de vida que o comunicador, cartunista e escritor Luciano Pires transmite por onde passa. Visitando o Sudoeste do Paraná nesta quarta-feira (15), ele não fez apenas a palestra de abertura do Empreende Sudoeste Tecsul Enasul, contando a história “Meu Everest, uma lição de Empreendedorismo” aproveitou para tomar do município suas impressões. Em sua Fan Page, postou na tarde de quarta: “Estou em Pato Branco, na região Sudoeste do Paraná. Pato Branco é um Município que adotou a inovação e o empreendedorismo para se desenvolver. Com 77 mil habitantes, a cidade está próxima da divisa com Santa Catarina e cerca de 100 quilômetros da Argentina, numa posição estratégica no Mercosul”. E emendou, em seguida, com outro post irreverente: "Em Pato Branco, o fantástico X-Polenta do Patô Lanches. Vc não tem ideia do que é! Em vez do pão, polenta. O recheio é queijos, rúcula, tomate, calabresa e bacon... Sai da frente”. 
De forte senso de humor e sorriso aberto de simpatia, locução clara e impostação de voz que convence, Luciano Pires esteve à frente de uma plateia, na Sociedade Rural, formada em grande maioria por acadêmicos de diversos cursos superiores da região, entre eles, Administração, Marketing, Agronegócio e Sistemas de Informação, da Faculdade Mater Dei. Lá, passou uma mensagem que vai além de simplesmente mencionar possibilidades. Traz na bagagem as experiências aguerridas de superar um desafio em si mesmo. O livro “Meu Everest”, transformado em palestra, já está na 6ª edição revista e ampliada e é considerado a melhor obra de trekking já escrita em língua portuguesa. Isto porque, na viagem, além das exímias descrições culturais e de cenário, narra as sensações do desafio físico e mental completamente fora dos padrões em que estava acostumado. Além disso, a obra dispõe de suas próprias fotos e é riquíssima em ilustrações e charges, criadas pela veia crítico-literária de Luciano Pires - aquela que ele adormeceu por volta dos 20 anos e despertou próximo aos 40 para ser um novo homem.
Nesta entrevista concedida minutos antes de subir ao palco, Luciano Pires afirma abertamente que o Brasil é um país difícil de se viver, mas ser empreendedor tem como vantagem você não saber onde estará amanhã, daí que vem o maravilhoso, pois pode se fazer tudo o que se desejar.  Acompanhe suas mensagens de experiência:

Você é um profissional que roda o país levando provocações. Vindo ao Sudoeste do Paraná para falar a acadêmicos e empreendedores, quais provocações você traz aqui nesta primeira noite do Empreende Sudoeste?
São várias. Vou contar uma experiência pessoal e bastante divertida, coloquei em minha frente um objetivo praticamente impossível de realizar e fui fazer. Realizei meu sonho antigo, que quando trazemos para o ambiente do empreendedorismo tem tudo a ver.  Conto a história que tem a ver com a capacidade de transformar alguma coisa que é irreal em realidade, através de planejamento, criatividade e tudo o mais. É uma história divertida, mas quando o pessoal me contou o que é o Empreende Sudoeste, logo veio à tona a ideia de fazer uma provocação desse tipo para tirar o pessoal da cadeira. 
O que é o empreendedor? É o cara que, tudo que faz é sair fora da zona de conforto. É sair fora da zona de indiferença. É alguém que joga e aposta em coisas que muita gente diz que não vai dar certo. O sujeito tem o seu emprego regular, trabalha direitinho e um belo dia resolve largar o emprego para montar o seu próprio negócio. Todo mundo vai chama-lo de louco. Isso é assim, porque a sociedade é assim. Quem se rende a essa colocação de medo da sociedade não faz nada para fazer acontecer. Vou hoje fazer uma provocação: pare de ouvir aqueles que dizem que não dá para fazer, monte o seu plano e vá atrás que você vai conseguir realizar! Vai quebrar a cara, vai dar errado, mas se você for uma pessoa que não se conforma, são essas que mudam o mundo.

Faz mais de dez anos que você se propôs a encontrar o seu Everest, foi até o Campo Base, realizando a viagem ao Nepal e toda a preparação. O que mudou em sua visão de mundo nestes últimos dez anos desde que você saiu do mundo corporativo para tomar o rumo da sua vida?
Mudou tudo. Quando eu fui pra lá era diretor de uma multinacional de autopeças. Tinha mais de quarenta anos de idade, um belíssimo salário de diretor multinacional, uma grande estabilidade. Quando voltei da viagem decidi que ia começar fazer minha transição. Fiquei mais oito anos na empresa e hoje sou dono do meu próprio negócio. Montei minha própria empresa num segmento de atuação que é dificílimo. Eu trabalho vendendo cultura. Meu negócio é escrever livros, revistas, artigos, fazer palestras e vídeos pela internet, num mercado que está nascendo e que é muito difícil de valorizar. Eu saio do meu terno e gravata, de um emprego com carteira assinada para me aventurar como um executivo do meu próprio negócio. Não tenho segurança nenhuma, se eu não trabalhar hoje não compro o almoço de amanhã, e estou jogado neste mundo maluco que é o mundo do empreendedor brasileiro, o que me deu a visão do outro lado do balcão. A visão de como é que alguém que quer fazer acontecer pode conseguir, sem ter o suporte de uma grande empresa? Sem ter um salário certo todo mês? Isso me trouxe uma visão do Brasil que é uma loucura, pois a gente vai lá fora, vê como é lá, vem pra cá e vê essa bagunça generalizada que é o Brasil e sabe que a gente aqui tem que trabalhar dobrado. O Brasileiro tem que se esforçar dobrado para fazer o que um americano faz e ter a chance que um japonês faz lá fora. E mesmo assim, a gente consegue fazer. A visão que eu tenho é o Brasil é um país abençoado. O dia que a gente resolver “as porcariazinhas”que temos para resolver, ninguém segura esse país.

Com 20 anos, você já era cartunista, já era um comunicador e tinha o sonho de escrever livros, como de fato publicou vários, contudo se viu numa situação da dificuldade de sobreviver de sua arte e acabou entrando no mundo corporativo. Falando para acadêmicos que estão no momento de sonho, o que fica de mensagem dessa fase de conflito entre o que eu quero fazer e o que vou conseguir fazer?
Essa é a coisa do sonho. Vou contar para eles a história de que a minha vida é uma parábola. Tenho aquele sonho todo da juventude e quando caio num mundo, caio na real de que estou maduro, me formei e preciso me sustentar, casei, tenho família e não posso mais brincar, ficou séria a coisa. Faço uma parábola e dou uma volta, entro nesse mundo corporativo e fiquei 26 anos como um executivo de multinacional, mas não estava ruim. Eu estava me divertindo lá dentro, pois estava na área de comunicação que é a minha área. Não estava fazendo meus cartoons nem escrevendo meus livros, mas estava numa área que me ajudou a crescer bastante. Quando cheguei no momento lá na frente que vi condições de retomar os sonhos lá de traz eu voltei. Hoje, aos 58 anos de idade consigo fazer aquilo que eu sonhava e queria aos 17. Durante esse tempo, passei por um outro estágio. Não tenho dúvida nenhuma de que tudo aquilo que aprendi no mundo corporativo foi o que me deu estabilidade para poder hoje executar este meu trabalho. A mensagem que vou passar para essa molecada é a seguinte: cuidado ao tentar abraçar o seu sonho e tentar realizá-lo aos 22 anos de idade. Não dá. De cada um que realiza, tem 2 milhões que não conseguem fazer. Você vai ter que fazer uma série de concessões, abrir mão de uma série de sonhos por algum tempo para crescer, amadurecer, aprender a ter uma visão crítica do mundo, guardar um dinheirinho e ganhar coragem, estabilidade e segurança para poder dar o seu salto lá na frente. Não sei se vai ser aos 30, 40 ou 50 anos. O meu salto, dei com 52, faz seis anos. E se você me perguntar onde estarei há dez anos, não tenho a menor ideia. O que para mim é fascinante, pois significa que posso ir onde eu quiser. Mas houve todo um trabalho, anos e anos de esforço que é o que venho contar aqui. Pegar um sonho e sair correndo feito um louco atrás dele é grande a possibilidade de quebrar a cara. Mas estabelecer uma data, dizer: com 40 anos de idade quero estar assim, comece trabalhar aos 17, pois fica muito mais fácil chegar lá. 

Assessoria de Comunicação (AC) Grupo Mater Dei
Entrevista e texto: Daiana Pasquim (DRT/PR 5613)
Fotos: Lucas Piaceski - Agência PQPK
https://www.facebook.com/agenciapqpk

No livro que compramos, ele autografou: "Queridos Daiana e Lucas. Vão atrás de seus sonhos! Namastê. Luciano Pires"



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